A falta de linhas de transporte regulares para localidades da zona rural de Vitória da Conquista (a 515 km de Salvador), na Bahia, faz com que idosos que poderiam viajar de graça prefiram pagar vans “piratas” para chegar a seus destinos.
Boa parte desses veículos está em mau estado de conservação, sem tacógrafo (aparelho que registra a velocidade do veículo), extintor nem cinto de segurança e é conduzido por motoristas sem habilitação. Alguns têm TV, que exibem DVDs sertanejos.
“Ou é isso [as vans clandestinas] ou é andar 6 km para pegar ônibus ou voltar para casa”, diz o aposentado Natalino Germano, 74, que usa van irregular para se locomover entre a cidade e o povoado de Abelhas, a 60 km da sede do município.
“A van nos deixa onde a gente pede: na porta de casa, hospital, na casa de parente. Eles deixam a gente levar bagagem que o ônibus não pega, como animais, e é mais rápida a viagem”, diz Maria, 70, mulher de Germano.
Para ir e voltar, o casal paga R$ 16 – de ônibus, eles não sabem nem quanto custa. “Tem muito tempo que não pego ônibus”, diz Maria.
Segundo a Prefeitura de Vitória da Conquista, há pelo menos 70 vans clandestinas na cidade, em linhas para as zonas urbana e rural.
Já as rotas legalizadas são 75. “Não há planos para regularizar outras rotas”, diz o coordenador de Fiscalização de Trânsito da prefeitura, Herling Santos.
Ao longo do ano, a prefeitura diz ter feito 105 autuações de vans clandestinas, que resultaram na retenção de 41 veículos. Já a Agerba (estatal que regula o transporte das rodovias estaduais) autuou 455 veículos que faziam transporte irregular.
Foto: Mário Bittencourt (Folhapress / Folha de S. Paulo)
Fonte: Folha de S. Paulo