O sistema de transportes alternativos de Natal vivencia uma disputa interna que virou caso de polícia, como mostrou o Novo Jornal. Os atentados criminosos que retiraram de circulação quatro veículos que operam a linha 314 na comunidade de Nordelândia, Zona Norte, foram praticados na madrugada do último sábado.
De um lado, a Cooperativa de Transportes Alternativos (Coopetrans) atribui a autoria da ação criminosa aos dirigentes do Sindicato dos Transportes Alternativos (Sitoparn). No outro lado da trincheira, representantes do sindicato negam as acusações e partem para o contra-ataque, alegando que tudo não passa de ações arquitetadas para incriminar a entidade.
“De nossa parte não há guerra, mas eles querem nos impedir de fazer parcerias pela melhoria do sistema e das nossas condições de trabalho”, dispara a presidente da Coopetrans, Edileuza Queiroz, referindo-se ao presidente do sindicato, Nivaldo Andrade e ao diretor de comunicação da entidade, José Pedro dos Santos Neto, o Pedrinho.
Segundo ela, a cooperativa não enfossa os movimentos de protesto do sindicato, como o que foi realizado no último dia 04, quando 23 permissionários paralisaram o trânsito nas principais avenidas da capital por mais de quatro horas. Na Zona Norte, as vans teriam sido impedidas de circular pelo sindicato.
De acordo com integrantes da cooperativa, os dirigentes do sindicato avisaram que aqueles que desobedecessem sofreriam consequências. Essas “consequências”, contam, seriam vans incendiadas, alvejadas por tiros e apedrejadas como ocorreu no último fim de semana. “Sofremos ameaças constantes por ligações de celular e muitos já foram agredidos porque desobedeceram em outras ocasiões”, relembra Edileuza.
Um dos que sofreram as supostas consequências foi Reginaldo Pedro da Silva, 62, que teve seu veículo alvejado com três tiros. A van estava estacionada na área da sua casa quando sofreu o atentado na madrugada do sábado passado. O Boletim de Ocorrências foi feito horas depois na Delegacia de Plantão da Zona Norte.
“Ele (Pedrinho) já tinha dito na reunião do sindicato que iam secar os carros, quebrar e por fogo se a gente não obedecesse. Agora aconteceu”, diz o permissionário que teve um prejuízo de R$ 2,5 mil, além de três dias sem circular.
A reunião da qual participou ocorreu no dia 27 de julho passado, na praça de eventos da Zona Norte, depois que os permissionários desocuparam a Prefeitura de Natal no ATP em que reivindicavam a unificação da bilhetagem eletrônica e planejavam ações para a reunião que teriam com o prefeito Carlos Eduardo.
No dia em que o prefeito os recebeu, 8 de agosto, nova ordem de retirada teria sido emitida pelo Sindicato, mas o permissionário Júlio César Pereira, 52, descumpriu. O resultado, diz, foi uma perseguição por parte dos sindicalistas, que começou na Avenida João Medeiros Filho, na Zona Norte. “Eles estavam em outras vans e partiram para cima, quase capotei, mas consegui desviar e chegar à Avenida Deodoro, no Centro”.
Novamente, diz, o grupo o alcançou e iniciou-se uma discussão que terminou com socos, pontapés, além de golpes contra a van. Um Boletim de Ocorrências foi registrado na Delegacia de Plantão da Zona Norte e o exame de corpo de delito foi realizado no Instituto Técnico e Científico de Polícia, que registrou os hematomas que o permissionário sofreu.
Agora sua van foi completamente incendiada nos ataques da última semana, atingindo ainda sua residência e seu carro. “Quem fez isso sabia a hora que eu saía porque se tivessem demorado mais tempo, não teriam me encontrado em casa. Mas as ameaças não são de hoje, só que agora foram concretizadas”, denuncia.
Fonte: Novo Jornal