Projeto da Federação das Empresas de transporte de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) pretende propor a flexibilização dos horários de entrada e saída de trabalhadores e estudantes a partir de 2014. Como contribuição, caso o poder público abrace a campanha, as empresas de ônibus acenam com redução das tarifas em horários alternativos, fora das horas de pico, para estimular a adoção da medida. A ideia é diluir a quantidade de pessoas usando o transporte público ao mesmo tempo para sair e voltar para casa.
A prática permite, com a mesma estrutura já existente, aumentar o conforto dos passageiros, com ônibus, trens, barcas e metrô mais vazios. Outro benefício da medida seria a diminuição dos engarrafamentos, já que o fluxo de carros também seria diluído ao longo do dia. “Nós podemos estimular a sociedade oferecendo um preço diferenciado para quem usar o transporte de massa fora do horário de pico, mas a participação do poder público será fundamental no processo”, disse Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor, que representa as empresas de ônibus.
De acordo com o executivo, o poder público poderia oferecer incentivos aos empregadores que aderirem ao reescalonamento de horários dos seus funcionários. O secretário municipal de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, contou que a ideia está de acordo coma forma que a prefeitura vem pensando a Mobilidade urbana. “Olha, para isso funcionar, a gente tem que fazer muito estudo. E tem que conversar coma sociedade e com os setores econômicos.
Mas não há dúvidas de que essa medida aumentaria muito o potencial dos modais e teria um retorno quase que imediato de qualidade dos transportes”, avaliou. O coordenador do Movimento Nacional pelo Direito ao transporte (MDT), Nazareno Stanislau Affonso, lembra que fazer a medida funcionar na prática não é tão fácil como se imagina. “A gente vai ter que convencer a sociedade de que isso vai ser melhor para todo mundo. Mas como fazer isso? As escolas, por exemplo, vão mudar o horário das aulas? Assim, a ideia é muito boa, mas a discussão ainda tem que amadurecer”, analisou o especialista.
Empresas do Rio e de São Paulo já adotam a prática: Apesar de não haver incentivos públicos para a prática, diversas empresas do Rio e de São Paulo já adotam a flexibilidade de horários com seus funcionários. A Michelin é uma das que optaram pela medida na sede carioca, na Barra da Tijuca. A gerente de RH da companhia, Giselle Câmara, avalia que a flexibilidade de horários auxilia no rendimento das equipes, que perdem menos tempo no deslocamento de casa para o trabalho. “É um dos pontos que as pessoas mais exaltam como positivo nas nossas pesquisas internas”, acrescenta.
A engenheira de computação Juliana Calixto Acchar de Carvalho, de 29 anos, conta que pode levar até o triplo do tempo de casa para o trabalho, se fizer um horário convencional, de 9h às 18h. “Demoro uma hora no percurso de casa para o trabalho. No horário de pico, demoraria até 3h”, conta ela que mora no Recreio dos Bandeirantes, no Rio, e tema opção de chegar após as 10h30 na empresa de engenharia carioca Radix, no Centro.
Em São Paulo, Reinaldo Passadori, consultor de carreiras e presidente do Instituto Passadori de Educação Corporativa, ressalta que o home-office é outra tendência para amenizar os problemas de mobilidade da cidade. “O Brasil já ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de maior crescimento do home-office, que é uma contribuição das empresas para a mobilidade. Falta o poder público estimular a prática”, opina.
Fonte: Brasil Econômico