Quatro vítimas do ataque a um ônibus que foi incendiado em São Luís, na última sexta-feira (3), continuam internadas em hospitais da capital maranhense. Entre elas estão a irmã e a mãe da menina Ana Clara Santos Sousa, de 6 anos, a quinta vítima do ataque, que teve 95% do corpo queimados e morreu no último dia 06.
O caso mais grave é o de Márcio Ronny da Cruz Nunes, 37 anos. Ele teve 72% do corpo queimados, segundo relato de testemunhas, ao tentar ajudar as outras vítimas a deixarem o ônibus. Segundo o diretor do Hospital Estadual Tarquínio Lopes Filho, Luiz Alfredo Soares Júnior, o paciente está internado na UTI e respira com a ajuda de aparelhos. Ele será submetido nas próximas horas a um exame de broncoscopia. A suspeita é que Nunes tenha inalado muita fumaça ou sofrido queimaduras no trato respiratório.
A irmã de Ana Clara, Lorane Beatriz Santos, de 1 ano e 5 meses, está internada no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos em um leito isolado da enfermaria pediátrica. Lorane teve 20% do corpo queimados, principalmente as pernas e o braço esquerdo. Seu quadro é considerado estável. Já a mãe das crianças, Juliane Carvalho Santos, sofreu queimaduras em 40% do corpo. Juliane respira sem a ajuda de aparelhos e seu quadro também é considerado estável, embora, segundo Júnior, o estado de saúde dela ainda exija atenção.
A terceira vítima internada no Hospital Tarquínio Lopes Filho é Abiancy Silva dos Santos, de 35 anos. Ela sofreu queimaduras de segundo grau nos membros superiores, mas está estável e clinicamente bem após ter sido submetida a procedimentos cirúrgicos. A expectativa é que Abiancy receba alta ainda esta semana.
No total, quatro ônibus foram incendiados por homens armados na sexta-feira. Duas delegacias foram atingidas por tiros. As autoridades estaduais associam a onda de ataques ao início de ações do governo estadual para retomar o controle do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e de outros estabelecimentos prisionais. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, ao menos 60 detentos foram mortos em presídios maranhenses durante 2013.
‘Ordem era para queimar 20 ônibus’, diz secretário: O secretário de Segurança Pública, Aluísio Mendes, afirmou que a ordem dos ataques partiu de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas e que o objetivo era queimar pelo menos 20 ônibus na região metropolitana de São Luís.
“A polícia deu uma resposta efetiva, rápida e pronta a essas ações criminosas, que foram represálias à ação de moralização do sistema prisional do Maranhão. Grande parte das lideranças dessas duas facções criminosas está presa. Identificamos quem ordenou e quem executou esses ataques bárbaros à população. A ordem que partiu de Pedrinhas, pelo preso Jorge Henrique Amorim Martins, o “Dragão”, era para queimar, pelo menos, 20 ônibus na região metropolitana.”, afirmou.
“O Serviço de Inteligência soube da ordem e, numa ação rápida, conseguiu evitar mais violência. Infelizmente, quatro ônibus foram queimados, vitimando gravemente duas crianças. A ordem era para matar policiais, bombeiros e queimar cerca de 20 coletivos. Quem recebeu a ordem do lado de fora e executou essas ações bárbaras foi o elemento identificado como Hilton John Alves Araújo, conhecido como “Praguinha”, que foi preso no dia 04”, explicou Aluísio Mendes.
“A polícia agiu, se mobilizou e se espalhou por toda a cidade. Todos os envolvidos nessas ações estão presos, e os que não foram capturados, sem dúvida, serão encontrados nas próximas horas. A Polícia Civil não tem dúvidas sobre a autoria dos ataques. São bandidos, assassinos que pertencem ao crime organizado, ligados ao tráfico de drogas. Estamos trabalhando para exterminar essas fações e a população precisa entender que essa é uma luta do bem contra o mal. O sistema de segurança está pronto para fazer esse trabalho”, finalizou.
Foto: G1 MA
Com informações: Agência Brasil e G1