Houve um tempo onde transportar e ser transportado era bem melhor do que hoje. No céu ou na terra, algumas empresas pareciam saber como ninguém como é que se faz transporte de pessoas. Era comum ver ônibus de classes superiores rodando pelas rodovias e avenidas brasileiras, numa época onde os empresários ousavam.
Mas a “geração escritório” parece ter esquecido a fórmula para conquistar clientes. O conforto do passageiro deu lugar ao conforto no balanço patrimonial, o setor financeiro parece ter dominado todos os outros setores das empresas. Ousadia hoje em dia é comprar um Torino OF 0 km. Pena que essa estratégia traz malefícios em longo prazo. Quando o serviço se torna plenamente básico, os clientes começam a evitá-lo.
Isso acontece em grande parte das capitais brasileiras, donde os fugitivos dos serviços das empresas puramente racionais vão para os carros, para as muitas motos e alguns preferem deixar empregos muito longe de suas residências, para não precisar do mal que é o transporte coletivo.
Vale destacar que o ramo de aviação está com o mesmo problema. Há anos não se viaja bem de avião no Brasil, pelo menos pra maioria dos passageiros. Poltronas apertadas, aeroportos ruins, tarifas com péssimo custo/benefício, serviço de bordo medíocre, enfim, uma série de problemas que fazem muitos desistir de voar.
Mas e então? Voltaremos a ousar? Acredito que sim. Pelo simples fato de que algum dia as empresas que vem prestando um serviço básico vão deixar de existir. Como diz um certo consultor, “a alma do negócio é o cliente”, e não o setor financeiro ou a propaganda. Esse é o caminho certo para o futuro: conquistar o cliente, pela qualidade no serviço. Para isso, ousem, empresários, ousem!