Garagem.com: Dança das Cadeiras

Quando eu digo para alguém que andar de ônibus é muito bom, recebo a incredulidade como retorno. O fato é que, nessa “rede social” sobre rodas, é possível viver experiências de todos os tipos, de cômicas a tensas. Pois bem, andando de ônibus nesses dias me dei conta que as cadeiras pareciam dançar.
Calma. Estava sóbrio nesse dia! É que o ônibus estava tão surrado que a carroceria como um todo estava (na verdade ainda está, porque o ônibus continua fazendo linha) muito folgada, em ritmo de escola de samba! (só faltava ser um dos muitos ex-RJ que rodam por aqui. Mas era ex-PE mesmo. Olha o frevo!). As janelas no batuque, a iluminação interna dando aquelas piscadas de efeito, e assim o clima vai se formando e as cadeiras vão dançando.
Felizmente a tal dança é apenas folga na base delas. Digo felizmente porque há alguns anos atrás tive a oportunidade de andar num Vitória durante um fretamento onde uma de suas poltronas estava com a base solta. Sentados na tal poltrona, inteiriça, uma professora minha e um colega meu. E aí, numa certa curva fechada a cadeira resolve descolar do chão, suspendendo totalmente uma das extremidades da poltrona. Essa minha professora já tinha olhos grande, pois eles ficaram ainda maiores com essa decolagem. Pior que a ida foi a volta: o baque que a poltrona deu quando voltou ao chão deve ter feito a professora encolher alguns centímetros. E eu espero que ela não seja leitora do Unibus RN.
Não gosto de rir da desgraça alheia, mas confesso que rio muito com pegadinhas, então, ao vivo não poderia ser diferente. Essas poltronas…sei não. Lembro ainda que os ônibus mais antigos tinham um tecido preto nos bancos (esqueci o nome daquilo) que não seguravam ninguém em curvas, e foi num banco desses que uma pobre mulher sonolenta escorregou para o corredor numa curva fechada. Não se machucou, mas certamente ficou acordada pelo resto da viagem.
Num outro extremo de conforto, havia um Urbanuss que circulava com poltronas rodoviárias pela Grande Natal (eterno maquinão!). O problema é que quando chovia e as janelas não eram fechadas a tempo as maravilhosas poltronas acabavam molhadas. Como demoram mais para secar, no dia seguinte era possível ver as pessoas fazendo careta quando sentavam num dessas molhadas. Se fosse mulher então…vixe. E aí, as calças e saias saiam marcadas, para o terror de quem as usava.
Enfim, andar de ônibus tem dessas coisas. São pequenas coisas que acabam se transformando em grandes aventuras, que ficam na nossa memória para rirmos depois e contarmos essas histórias como eu fiz agora. E claro, servem para lembrarmos de olhar bem onde estamos nos sentando.
Por Rossano Varela

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