Três anos sem aumento da tarifa e subsídios seriam responsáveis pela “falta de investimento, degradação e o mal serviço” do transporte público em Natal. A afirmação é do consultor do Seturn, Nilson Queiroga. De acordo com ele, Natal também enfrenta seus principais problemas de mobilidade pela falta integração dos poderes executivos nas estâncias municipal, estadual e federal, além do poder legislativo, sociedade civil e mesmo setores que, aparentemente, não têm tanta relação com a mobilidade. “Será que não é preciso que o setor da Educação participe dessa integralização? Um dos principais problemas nos horários de pico é a entrada dos alunos nas escolas”, explica.
Segundo Queiroga, seria preciso que a passagem custasse, atualmente, cerca de R$ 2,50, para que o serviço fluísse de forma saudável. “A passagem de trem é R$ 0, 50, mas o Governo Federal subsidia mais de R$ 4 por passageiro. Porque isso não pode ser feito com os ônibus?”, coloca. Ainda de acordo com ele, 5% da passagem atual é referente a impostos.
Questionado se a frota da capital teria reduzido depois que a Prefeitura voltou atrás, em 2013, e passou R$ 2,40 para R$ 2,20 o preço da tarifa, o consultor negou e explicou que o que ocorre é uma sazonalidade da frota, que não é fixa, mas flutua de acordo com os períodos de férias, aulas, feriados, além dos finais de semanas e feriados.
Ainda de acordo com Nilson Queiroga, mudanças estruturais na localização de paradas de ônibus, vias exclusivas para ônibus e semáforos poderiam reduzir o tempo de viagem e até mesmo o custo do transporte coletivo. “O nosso serviço é repassador dos custos. O povo é que acaba pagando por isso”, coloca.
O consultor conta que, de acordo com as diretrizes municipais, o transporte coletivo é uma prioridade, visto que, se ele funciona bem, a cidade ganha mais fluidez, com menos carros nas ruas. “Mas isso não acontece na prática”, lamenta. “O coletivo leva quatro pessoas confortavelmente em um metro quadrado, enquanto um carro tem 10 metros de comprimento e muitas vezes só leva uma pessoa”, diz.
Licitação para o setor não tem prazo definido: A licitação do transporte público de Natal é a solução para o transporte público e uma das principais ferramentas para a melhoria da mobilidade urbana, segundo secretário adjunto da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal, Clodoaldo Trindade. Porém o projeto só deve ser concluído, no mínimo, no fim deste ano. É que, de acordo com o secretário, a Prefeitura precisa fazer um estudo da demanda pelo serviço em todos os bairros da cidade. Uma empresa será contratada para fazer esse trabalho, que deve durar entre quatro e cinco meses. O estudo vai apontar as diretrizes para o edital de licitação do sistema de transporte de passageiros municipal.
Quase de R$ 1 milhão foram pagos pela Prefeitura de Natal, na gestão anterior, por um estudo como este primeiro. Porém, de acordo com o Clodoaldo, o estudo não pôde ser aproveitado porque, em acordo firmado com os permissionários do transporte opcional o número de vagas vagas licitadas para os transportes alternativos precisa aumentar. “Isso muda toda a realidade, e por isso o estudo precisa ser refeito”, considera o secretário.
O projeto de licitação do transporte público é inédito no Rio Grande do Norte. Atualmente, as seis empresas que atuam no transporte de passageiros em Natal e Região Metropolitana trabalham através de permissões que são renovadas periodicamente.
Com informações: Tribuna do Norte