“É horrível ter uma faca apontada para você”. A vendedora Francine Oliveira foi assaltada dentro do ônibus da linha 70 numa manhã de sábado, quando ia trabalhar. O assaltante levou seu aparelho de celular, além do dinheiro do cobrador e os bens de outros passageiros. Apesar dos números oficiais revelarem a diminuição desse tipo de crime em Natal, os relatos das ações, e o medo estão por toda parte. No ano passado, o Sintro registrou 1.165 assaltos a ônibus e opcionais da capital potiguar. Para este ano, a meta é reduzir em pelo menos 50% os casos, após a identificação dos pontos mais críticos onde os casos ocorrem.
As consequências dos assaltos vão além do risco de morte. O cobrador Janescley Mesquita trabalha há 11 anos no setor. Na última sexta-feira (31) ele voltava de uma licença de três meses, após ter sofrido mais um assalto. Foram quatro em dois anos. Mesquita passa por tratamento psiquiátrico e ainda não sabe se vai continuar trabalhando na função. “Eu ia pedir minhas contas, mas a médica pediu que a empresa me mudasse de horário, e eu vim para a manhã”, conta.
De acordo com o cobrador, quase todo dia um ônibus da linha é assaltado, principalmente nos turnos vespertino e noturno. Mesmo em nova experiência de adaptação, ele conta que ainda não decidiu se vai desistir ou não da carreira. “Vou ver. Mesmo tendo três filhos pra criar, acho que vou procurar outra coisa pra mim”, revela.
Temendo os criminosos, o motorista Joelson Guedes declara que não faz nenhuma viagem sem um cobrador junto. Os assaltantes prefeririam abordar motoristas que trabalham sozinhos. “Se não tiver um cobrador. Eu não saio do terminal”, coloca.
Fonte: Tribuna do Norte