O engenheiro Hugo Alcântara Mota, 80, vai entregar na próxima sexta-feira, pós-carnaval, o laudo da vistoria que realizou no complexo viaduto do Baldo e no canal que passa debaixo do equipamento. Ontem, em pouco mais de uma hora, ele vistoriou a parte de cima do viaduto junto com a equipe do secretário municipal de Obras Públicas e Infraestrutura, Tomaz Neto.
Hugo Alcântara Mota percorreu a parte de cima do viaduto ontem pela manhã. Quinta-feira à tarde, fez o mesmo na parte de baixo, mas preferiu não falar nada sobre o que viu. O engenheiro pediu medições, observou juntas, pilares e apoios da construção que projetou em 1977.
Tudo que o engenheiro coletou de dados será confrontado com os cálculos de seu projeto original e os laudos periciais elaborados pelo engenheiro José Pereira, da Engecal Engenharia de Natal, que condenou as estruturas dos dois vãos do viaduto do Baldo.
Tomaz Neto disse que Hugo Mota se comprometeu enviar o resultado de sua vistoria com indicação do que deverá ser feito com o viaduto interditado para a passagem de veículos desde 2012.
Como projetista do Baldo, Hugo Mota disse que fazia parte da equipe do escritório Humberto Santana Engenheiros, de Fortaleza, em 1977. Foi a primeira vez que ele viu a obra que ajudou a projetar como calculista.
“Não lembro de muita coisa porque faz 36 anos”, frisou Hugo Mota, que se absteve de falar sobre o que viu nesses dois dias no Baldo, acompanhado do filho Joaquim Mota, que fotografou todos os detalhes dos vãos superiores e da estrutura inferior, inclusive, do canal do Baldo. Inaugurado em 1978, o complexo foi construído na administração do prefeito Vauban Faria, que administrou Natal entre 1977 e 1978 por indicação do então governador Tarcísio Maia. Vauban também foi responsável pela pavimentação da Avenida Prudente de Morais.
A visita do Hugo Mota a Natal vai definir como será feita a restauração dos dois viadutos de Baldo e do canal sob as avenidas Rio Branco e Deodoro da Fonseca.
O secretário da Semopi, Tomaz Neto, explicou que a liberação do tráfego de veículos sobre os viadutos e a interdição ou não das vias sobre o canal vai depender das conclusões de Hugo Mota.
Tomaz Neto, Joaquim Mota e outros técnicos, entraram em uma das aberturas feitas na parte superior do viaduto, no sentido da Prudente de Morais.
Nos quatro buracos abertos pela BMB Engenharia para realização das obras de recuperação, paralisadas desde setembro do ano passado, há muito lixo, roupas e até colchão. Os moradores de rua utilizam o local para dormir e consumir drogas.
Pelo projeto executivo elaborado pelo engenheiro José Pereira, da empresa Engecal Engenharia, a restauração dos dois viadutos custará R$ 3,4 milhões ou 88,89% sobre o valor inicial da obra que é de R$ 1,8 milhão.
De acordo com o contrato de tomada de preços feito pela prefeitura e que deveria ser executado pela empresa BMB Engenharia, a obra só poderia ter um aditivo de até 50%.
Caso Hugo Mota corrobore o projeto executivo elaborado por José Pereira, no valor de R$ 3,4 milhões, a prefeitura será obrigada a fazer uma nova licitação com concorrência pública, que deve prolongar ainda mais o término da obra, inicialmente previsto para dezembro de 2013.
Uma nova licitação, segundo Tomaz Neto, só pode ser feita em dois meses. Com o prazo de conclusão da obra de seis meses, no mínimo, o viaduto só deverá estar reaberto para o tráfego em setembro.
Há dois estudos técnicos sobre o complexo do Baldo, assinados pelo mesmo engenheiro, José Pereira. Um em 2009 e outro este ano, junto com projeto executivo para a obra de restauração dos dois vãos do viaduto.
O juiz Ibanez Monteiro, hoje desembargador do Tribunal de Justiça do RN, determinou a interdição dos viadutos no dia 4 de outubro de 2012, mas não acatou a interdição na parte de baixo do viaduto.
O procurador geral do Município, Carlos Castim, espera que o laudo técnico do engenheiro Hugo Mota seja mais um argumento em favor da não interdição das avenidas Rio Branco e Deodoro da Fonseca, em cima do canal do Baldo.
No dia 17 de fevereiro passado, a juíza substituta da 2ª Vara da Fazenda Pública, Francimar Dias proferiu sentença determinando o fechamento do tráfego sobre o canal. O argumento da promotora que convenceu a juíza também é baseado no mesmo laudo que interditou o viaduto, ou seja, o risco de desabamento das estruturas do viaduto.
Fonte: Novo Jornal