Natal é uma cidade de alma encantadora: bonita, relativamente pequena, pouco perigosa (relativamente, também) e com um passado instigante. Mas, fato que desde muito tempo reina por aqui é o do espírito de província. Natal, de certo modo é uma cidade provinciana, e por consequência disso, é possível ver ações típicas de cidades assim em muitos segmentos, inclusive, transporte.
Nosso sistema, e isso já é conhecido e frequentemente dito, é desorganizado e nada integrado. As linhas metropolitanas, que usam o mesmo cartão das linhas de Natal, não “conversam” com estas últimas, por exemplo. Trens, bom, nossas locomotivas foram fabricadas em 1959, então, nem falo do restante do sistema férreo. Mas e os alternativos, também chamados de “complementares”?
Complementares eles nunca foram, ao pé da letra. “Alternativos” é um termo que cabe melhor a eles, embora que para a maioria dos usuários do transporte público eles não são uma alternativa real, seja pela má fama que têm (de apressados e irresponsáveis), seja pela pouca oferta atual de veículos. Para as empresas de ônibus, porém, eles são vistos como concorrentes.
Dada tal concorrência, benefícios como o da bilhetagem unificada são prejudicados, como vem acontecendo nos últimos meses. Empresas de ônibus e alternativos não conseguem chegar a um consenso e a SEMOB por sua vez fica assistindo ações como a redução da tarifa que os alternativos promoveram nos últimos dias.
É bom pagar apenas R$ 1,50 numa passagem de alternativo, mas acredito que melhor ainda é ter a bilhetagem unificada. A redução da tarifa é a forma que os operadores encontraram para forçar a barra das empresas de ônibus e também da SEMOB acelerarem o processo de unificação. No final da história, os alternativos e os ônibus mais do que nunca travam uma concorrência, desleal.
E a população fica sem alternativa! De um lado, ônibus num sistema oriundo dos anos 80, do outro os alternativos se digladiando atrás de passageiros, reduzindo tarifas e ameaçando invadir as linhas dos ônibus convencionais.
Queira ou não, é uma bagunça. E a SEMOB, com espírito de província parece assistir a cena como uma velhinha sentada numa cadeira de balanço em frente a sua casa. Bom é bilhetagem unificada e sistemas que se complementam.
Por Rossano Varela