Natal já foi palco de outros atos criminosos semelhantes ao registrado na noite da última quinta-feira, desde o ano de 2012. Ônibus do transporte convencional e micro-ônibus do transporte alternativo de passageiros foram incendiados em vias públicas durante manifestações populares e em ações isoladas de determinados grupos. Os inquéritos que apuram os crimes estão nas delegacias distritais a espera de novas diligências. Apenas um processo tramitou na Justiça e o acusado foi absolvido.
O último caso registrado aconteceu na madrugada do dia 17 de fevereiro. O ataque a um veículo do transporte alternativo ocorreu na rua Ibicuí, no bairro Potengi, zona Norte, por volta das 3h. O carro estava estacionado em frente à uma casa. Ninguém ficou ferido e o fogo danificou completamente o carro. O crime será investigado pelo titular da 12ª Delegacia de Polícia (DP), delegado Francisco Jodelci.
O mesmo policial é o responsável pela apuração de outros ataques à veículos de permissionários da capital. Na noite do dia 30 de novembro do ano passado, quatro veículos da Cooperativa dos Transportes Alternativos de Natal (Cooptrans) sofreram ataques: dois foram totalmente incendiados, um outro recebeu dois tiros e um quarto veículo teve uma pedra de paralelepípedo jogada contra seu parabrisas.
Na tarde de ontem, a reportagem tentou ter acesso aos inquéritos que estão na 12ª DP, no entanto, o delegado informou, através do chefe de investigações, que não seria possível atender à solicitação. “Posso confirmar que os inquéritos não estão parados. Todos estão em andamento e, na próxima semana, o delegado pode falar com vocês”, disse o policial.
O caso mais emblemático de violência que culminou com o incêndio de dois ônibus aconteceu na noite do dia 18 de setembro de 2012. Naquela noite, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra a suspensão do Passe Livre determinada, dois dias antes, pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn). No fim da manifestação, dois ônibus da empresa Guanabara foram incendiados em locais distintos da cidade.
O ataque ao primeiro ônibus ocorreu na avenida Bernardo Vieira, ao lado do shopping Midway. A polícia prendeu o professor Felipe Eduardo de Oliveira Serrano como acusado do crime. Houve apuração e o caso chegou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. No dia 14 de setembro de 2013, saiu a decisão do juiz Ivanaldo Bezerra Ferreira dos Santos. Apesar de existirem nos autos provas de que o acusado cometeu a infração penal, o juiz ressaltou que “estas provas são insuficientes para a sua condenação” e, assim, absolveu o professor.
O segundo ônibus foi incendiado no terminal da empresa Guanabara, no Bairro Nordeste, zona Norte. Até então, não se sabe quem cometeu o crime. Esse atentado está sendo investigado pelo titular da 7ª DP, delegado André Gurgel. A reportagem também tentou ter acesso ao documento investigativo, mas, por volta das 17h de ontem, o policial não estava na delegacia.
Alternativos queimados: Passados mais de três meses desde que foram abertos os inquéritos dos atentados e ameaças contra os permissionários que operam a linha 314 na Zona Norte, bem como o incêndio das vans, as investigações ainda não apontaram nenhum suspeito. “Ainda não temos nenhum Norte. Nenhum suspeito, embora as oitivas tenham sido realizadas. Não é possível ainda apontar ninguém”, relata o delegado da 12ª Delegacia de PolícIa, Jodelci Pinheiro.
O inquérito foi remetido ao Ministério Público e aguarda encaminhamentos. Segundo o delegado, na próxima semana deverá haver algum retorno do MP e é possível que as investigações encontrem um rumo.
Já na 1ª DP, onde Júlio César denunciou as agressões que sofreu e que foram filmadas por pessoas que assistiram ao ataque à sua van no centro da cidade, a delegada titular, Rossana Pinheiro, assumiu a pasta recentemente, e estava se inteirando do caso, mas agora entrou em período de férias. Por isso, não se sabe sobre a continuidade do processo investigativo.
Seu substituto, delegado Márcio Lemos, diz que não irá agilizar o caso, deixando para o retorno da titular da delegacia. Ele disse que, se houver alguma conclusão no caso que a 12ª DP investiga, a polícia passará a investigar se há ligação entre aqueles casos da Zona Norte e os que ocorreram na noite de quinta-feira passada nas Rocas.
Júlio César e outros permissionários que se sentiram ameaçados também procuraram a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), solicitando à secretária Elequicina Santos que suspendesse a permissão dos autores das ameaças e das agressões, mas para o pedido ser atendido é necessário apresentar provas convincentes para que se chegue à suspensão da permissão de um acusado.
Com informações: Novo Jornal e Tribuna do Norte