O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Pasageiros do Município de Natal (Seturn) comunicou à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) o interesse em entregar duas linhas que operam na cidade e que são consideradas deficitárias: a 600 – Norte Bairros, que circula na zona Norte com passagens no valor de R$ 1,60; e o Circular que opera no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com passagem gratuita. De acordo com o sindicato, a falta de reajuste tarifário há 40 meses aliada à falta de medidas alternativas a serem tomadas pela Prefeitura levou as empresas do transporte público a um prejuízo mensal de R$ 1 milhão.
A linha Circular, de tarifa gratuita, custa R$ 120 mil às seis empresas operantes no sistema público natalense, que se revezam para transportar 200 mil passageiros mensalmente e sem qualquer contrapartida governamental, segundo o consultor técnico do Seturn, Nilson Queiroga. Porém, a sugestão do sindicato das empresas é que se cobre tarifa, já que não há subsídios governamentais. Ou, por outro lado, que a Prefeitura ou o governo federal, através de parceria com o Município, subsidiem o transporte no campus federal.
A assessoria de imprensa da Semob afirma que o secretário adjunto de Transportes Clodoaldo Cabral Trindade pretende reunir, ainda sem data definida, Seturn e permissionários do transporte alternativo para tentar solucionar problemas dessas linhas.
Entre os principais problemas enfrentados pelo Seturn estão o reajuste de pessoal, que ocorreu nos três últimos anos consecutivos; reajustes no preço do combustível; além do prejuízo de R$ 1 milhão mensal que as empresas vêm enfrentando. “Isso pode levar a um colapso do serviço às vésperas da Copa do Mundo”, alerta Queiroga.
Ele afirma que foi sugerido à Prefeitura exoneração fiscal para o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), parcial ou integralmente; a criação de um Fundo Municipal de Transporte, que reuniria verba para investir no transporte público; e a retomada da Zona Azul, que cobra dos veículos particulares determinado valor por tempo que permanecem estacionados nas vias. Segundo o consultor técnico, essas medidas poderiam gerar recursos sem aumento da passagem e estimularia a população a utilizar a rede pública de transportes.
Enquanto isso, passageiros enfrentam cada vez mais problemas na sua rotina. Entre as principais reclamações está o tempo de espera pelo ônibus em qualquer região da cidade. Usuários do transporte público no Alecrim, no Centro, e nas paradas dos principais shoppings da zona Sul, moradores de todas as regiões das cidades, indicam tempo de espera média de 40 minutos a uma hora pelo ônibus.
Jardel Gerônimo Gasques, estudante, esperou 40 minutos por um ônibus Nova Parnamirim via avenida Maria Lacerda. Entre as 9h25 e as 10h05 de ontem ele viu passar dois Eucaliptos, dois 48, três 52 e três 40. Devido a um acidente na Ponte de Igapó, Girlânia Soares saiu de casa, na zona Norte, às 6h30 e chegou ao Natal Shopping, em Candelária, às 10h. A demora é atribuída por Nilson Queiroga ao volume de carros crescente de carros nas ruas e ao número de obras em execução nas vias públicas.
De acordo com Nilson Queiroga, enquanto o nível de reclamações aumenta, o número de passageiros diminui. Entre 2012 e 2013, o número de passageiros foi de 128.657.597 para 124.484.975, equivalente a 4.172.622, ou 3,24%. Mas, segundo ele, essa queda ocorre nacionalmente desde o início dos anos 2000. Atualmente, a frota municipal tem 626 ônibus e 67 alternativos.
A reportagem da Tribuna do Norte tentou, sem sucesso, entrar em contato com a titular da Semob, Elequicina dos Santos, e o adjunto de Transportes, Clodoaldo Cabral.
Linhas podem ir para alternativos: A proposta do Seturn é que as linhas Circular e 600 sejam absorvidas pelo transporte alternativo. Nilson Queiroga acredita que com a inserção de pelo menos 20 veículos nesses percursos, necessários para cobrir demanda, o número de alternativos que circulam exclusivamente em Natal com equipamento de leitura do cartão de passagens abrangerá 61 do total de 67. O consultor técnico sugere que as passagens dessas linhas venha a ser cobrada, já que as empresas arcam com os custos e não têm subsídios governamentais.
Paralelamente, foi discutido em audiência pública na Câmara Municipal de Natal a situação da bilhetagem única, para ônibus e alternativos. O vice-presidente do Sindicato dos Permissionários de Transporte Opcional de Passageiros do Rio Grande do Norte (Sitoparn), Nivaldo Andrade, afirmou que o Seturn tem parmanecido ausente das discussões sobre a bilhetagem eletrônica e que estaria rejeitando decisões do Executivo municipal. O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do RN (Sintro/RN), através da vice-presidente Maria da Paz Dantas, declarou apoio ao Sitoparn e afirmou que o Seturn estaria dificultando a implantação da bilhetagem.
O Seturn diz não se opor à lei e sugere serviço oferecido pelos transportes alternativos de forma complementar ao sistema formal municipal, atendendo a demanda dentro dos bairros da cidade. Entre essas linhas estariam a Circular do campus e a 600, que segundo Nilson Queiroga não poderia ter trajeto reduzido devido ao seu circuito já breve.
A unificação da bilhetagem, peevista na Lei 6.410 de setembro de 2013, deveria ter entrado em vigor no dia 25 de fevereiro deste ano, mas por desentendimento entre Seturn e Sitoparn sobre gerenciamento da venda de pssagens a Prefeitura decidiu contratar o Instituto para Desenvolvimento do Sistema de Transporte (Idestra), empresa paulistana que prestará assessoria sobre qual opção é mais viável: a Prefeitura administrar venda de passagens ou sindicatos de transportes ficarem responsáveis.
Com informações: Tribuna do Norte