Garagem.com: Precisa-se de lenços

É uma atitude recorrente: empresários choramingando por aumento na tarifa. Às vésperas do Mundial de 2014, já é sabido pela população natalense que as empresas estão, segundo os empresários, à beira do colapso, inclusive, mesma população que sofre com a ameaça – vale frisar, ameaça – de linhas tidas como pouco rentáveis deixarem de existir.

É complicado, porque concedendo hoje um aumento de tarifa, daqui a um ou dois anos novamente o sistema entra em crise. Mas além da defasagem tarifária há o argumento por parte das empresas de que a frota de veículos particulares vem aumentando cada vez mais, causando queda no número de passageiros e também engarrafamentos que também retém o tráfego de ônibus. É preciso se ater neste último ponto.

A culpa pelo aumento no número de carros e motos nas ruas é também das empresas. O serviço prestado pelas empresas não é ruim, é péssimo, beirando o abominável! Ônibus velhos, usados de grandes metrópoles, e agora em escassez, formam o cenário em Natal. Pior é quando se precisa de ônibus na Região Metropolitana.

Quando foi que Natal viu bons ônibus em abundância? Talvez no findar dos anos 80, quando raríssimas empresas traziam veículos que já naquela época eram extremamente superiores aos que rodam hoje em Natal. E fica ainda mais difícil conquistar passageiros trazendo ônibus usados já beirando ou ultrapassando os dez anos de uso.

Se bem que conquistar passageiros parece ser um termo desconhecido por quase todas as empresas de ônibus que rodam em Natal atualmente. Se aqui o transporte fosse realmente levado a sério, teríamos ônibus com ar-condicionado, piso baixo, câmbios automático e automatizado, e motor traseiro. Pode parecer loucura mencionar tais equipamentos quando há uma crise no setor, porque à primeira vista eles aumentam os custos. Mas, um olhar sem preconceitos, revela que o aumento no custo será seguido pelo aumento nas receitas.

Mas, a inversão de valores reina por aqui. O povo é só uma massa necessária para manter as empresas lucrando, e nisto – no lucro – não há nada de errado, porém, o povo nunca será meio, o povo é fim. Tudo tem que girar em torno do passageiro, e não em torno das empresas.

Mais uma vez, resta ao natalense lutar por seus direitos. Enquanto isso não ocorre, que sejam trazidos lenços, muitos lenços para enxugar as lágrimas desse chororô. E não, não falo do choramingo das empresas, mas do choro do povo que amarga um péssimo transporte público na cidade do sol.

Por Rossano Varela

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