O número de assaltos realizados em transportes coletivos aumentou em 21% na capital potiguar nos três primeiros meses de 2014 em relação ao mesmo período de 2013. São 30 assaltos a mais. É o que consta um levantamento realizado pela Polícia Militar do Rio Grande do Norte, que também aponta uma média de dois assaltos diários nos transportes coletivos de Natal. No primeiro trimestre deste ano ocorreram 167 assaltos dentro de ônibus. No ano passado, foram registradas 137 ocorrências.
Segundo o coronel Túlio César, da PMRN, o perfil dos assaltantes é composto por 80% de adolescentes, que são usuários de drogas. Para o coronel Túlio César, este aumento deve-se a vários fatores. “Constatamos que as apreensões [de adolescentes] não inibem as ações dos menores. Eles geralmente realizam um assalto, são apreendidos, mas horas depois voltam para assaltar em um ponto diferente. Há uma frouxidão na legislação em relação a isso”, afirma o coronel.
A dificuldade para realizar ações de combate frente ao tamanho da frota de ônibus que circula na capital também é um ponto destacado pelo coronel. “Temos 800 ônibus de seis empresas circulando na capital, também é um ponto que dificulta uma eficácia total de combate aos assaltos. Além disso, a PM também tem outras atividades para fazer durante o dia”, disse o coronel.
Ranking de assaltos: Coronel Túlio também constatou que os adolescentes praticam os crimes para sustentar o próprio consumo de substâncias ilícitas. “Desde 2009, realizamos levantamentos e parte dos assaltos a ônibus é cometido por adolescentes que, ou realizam o ato para pagar uma dívida, ou para comprar drogas”, pontua ele.
Coronel Túlio cita o caso de um garoto apelidado de “bananinha”, 16 anos, que foi apreendido mais de dez vezes em um curto período de tempo e continua assaltando. “Ele está solto e não é o único”, disse o coronel. De acordo com o levantamento da Polícia Militar, o local que lidera o ranking de assaltos em 2013 é a zona oeste de Natal. A Avenida Bernardo Vieira, na altura do bairro das Quintas, teve um registro de 93 assaltos, seguido da Avenida Bom Pastor, que cruza o bairro homônomo, com 32 assaltos.
Segundo o coronel Túlio César, para combater as ações criminosas nos ônibus, a operação “transporte seguro” é realizada diariamente pela PM nas quatro regiões da capital. A operação ocorre de maneira aleatória, sem hora e local marcados. Em conjunto com as ações de proteção, efetivos da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicleta (Rocam) são deslocados para o patrulhamento ostensivo na Região Metropolitana. “Muitas vezes os assaltantes pegam o ônibus nas avenidas principais, como a Prudente de Morais, mas deixam para assaltar quando estão dentro dos bairros”, acrescentou o coronel.
Motoristas temem uso do Botão do pânico: Em julho de 2012, após registrar 157 assaltos a ônibus nos primeiros sete meses do ano, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros do Município de Natal (Seturn) acertou uma parceria com o Governo Estadual que previa a instalação de um sistema eletrônico que alertava as ocorrências de crimes para a Polícia. Na época, o chamado “botão do pânico” já estava presente em 200 veículos e havia a previsão de implantar em outros 600 transportes, até o final do ano.
O então diretor de Comunicação do Seturn, Augusto Maranhão, previu um custo de aproximadamente R$ 300 mil, pois, cada implantação exigia investimento de R$ 500,00 por ônibus. Os motoristas das empresas conveniadas também receberam treinamento, promovido por policiais do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp/RN).
Hoje o botão está instalado em 30% da frota, segundo coronel Túlio César. “Em principio, o botão como tecnologia ajudou bastante. Mas teve um lado negativo: motoristas relatam que os bandidos já entram no ônibus muito agressivos por saberem da existência do botão, potencializando a ação dos bandidos”, disse o militar.
A PM defende, segundo ele, que sejam instaladas câmeras para registrar acontecimentos criminosos, assim como a instalação efetiva da bilhetagem eletrônica, que elimina a circulação de dinheiro em espécie. O ‘botão do pânico’ funciona da seguinte maneira: ao ser acionado, pelo motorista, o Ciosp recebe o pedido de alerta, rastrea a localização exata do veículo – através do GPS – e encaminha uma viatura ao local indicado.
Fonte e imagem: Tribuna do Norte