Na sexta-feira, a doméstica Lindomar Belarmino, moradora do bairro Liberdade I, foi à casa de uma amiga no Alto de São Manoel aproveitar a noite de antevéspera do feriado. Logo se arrependeu de ter saído. Por volta das 20h, já não havia ônibus que a levasse para casa e ela teve de ligar para seu genro ir buscá-la.
Em pior situação está a estudante Alcimara Karolyne. Aprovada em Contabilidade no último vestibular da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), ela não tem como frequentar as aulas noturnas por falta de transporte público. Moradora do bairro Sumaré, um dos mais carentes desse serviço, ela teme não conseguir completar o semestre letivo. “Não tenho como comprar transporte próprio agora”.
No dia 17 de março, um veículo da empresa Sideral foi incendiado e, sob a justificativa de falta de segurança, a empresa reduziu os horários das linhas. Pouco antes disso, alegando dificuldades financeiras, a Cidade do Sol tinha anunciado redução da frota pela metade e disposição de sair da cidade. E, depois do incidente do incêndio, a companhia diz ter tido dificuldade de escalar motoristas para horários além das 20h. As empresas dispõem, respectivamente, de 18 e seis veículos.
A Prefeitura iniciou discussões sobre a segurança no setor, com a instalação de botão de pânico nos carros, mas os gerentes das concessionárias afirmam que nada prático ocorreu. De acordo com Galtieri Tavares, secretário de Desenvolvimento Urbano, uma audiência pública deve ser marcada para discutir o problema.
Para piorar, o Ministério Público do Estado tem atrasado constantemente a entrega de uma perícia sobre o edital de concessão de novas linhas. A expectativa é de que a avaliação saia nesta semana. O impasse sobre esses temas tem afetado diretamente a prestação de serviços.
De acordo com Viviane Pereira, gerente da empresa Cidade do Sol, a frota atual da empresa é de cinco veículos (seis escalados, mas um está quebrado), frente a 32 disponibilizados há apenas cinco anos. A gerente reforça a disposição da empresa de deixar de atuar na cidade e avisa que não pretende aumentar a mais frota.
Pereira afirma que a Cidade do Sol “está aguardando a licitação para retirar a frota. Ainda estamos atuando para não deixar a população totalmente desassistida”.
A reportagem tentou contato com a empresa Sideral, sem sucesso. Após ter um de seus veículos incendiados, a companhia decidiu reduzir os horários das linhas, para até 19h. Ela atende a região dos Abolições, uma das mais populosas de Mossoró e onde também há diversas queixas sobre a quantidade e os horários dos ônibus.
Fonte: Jornal de Fato