Mossoró: Protestos completam um ano sem alcançarem grandes metas

O Movimento Pau de Arara (MPA), maior mobilização de protestos na história recente mossoroense, formado em sua maioria por estudantes clamando por melhorias no transporte público urbano, completa um ano na próxima quarta-feira, 18. Em junho do ano passado, o MPA chegou a levar mais de 3 mil pessoas às ruas. Contudo, passado um ano desde as primeiras manifestações, o que mudou em relação à mobilidade urbana na cidade?
Dentre as conquistas alcançadas, os integrantes do MPA apontam o diálogo com a sociedade e participação no que definiram como “processo burocrático”, e, afirmam que o Movimento continua ativo, embora a participação nas ruas tenha se tornado menos expressiva após o “boom” vivido em 2013.
“A maior conquista do Movimento foi o tamanho da mobilização que houve na cidade. Nós não nos resumimos aos movimentos de rua, conseguimos participar permanentemente das discussões sobre mobilidade urbana e do processo de licitação para as novas empresas de ônibus e, em breve, devemos retomar as mobilizações”, disse o organizador do MPA, Max Medeiros.
No entanto, na avaliação de empresários do ramo dos transportes, na prática, o sistema de transporte urbano na cidade piorou, como reflexo das más condições para manutenção das atividades no município.
“Vendo pelo lado prático, o movimento (Pau de Arara) não alterou em nada a mobilidade urbana em Mossoró. Talvez em parte pelo ano passado ter sido um período de instabilidade política, o que não permitiu que se avançasse muito nas negociações para que se melhorasse o sistema”, disse o empresário Eudo Laranjeiras.
O secretário de Desenvolvimento Urbano, Galttieri Tavares, afirma que estão sendo adotadas medidas para melhorar o sistema de transporte. Ele informa que este mês viajou com o subsecretário de Trânsito e Transporte, Charlejandro Rustayne, à cidade de Curitiba (PR) para conhecer mais sobre o sistema de transporte de lá, que desde 1984 é subsidiado pela prefeitura e é apontado como um dos mais eficientes do país, a fim de implantar mudanças no transporte local.
“Desejamos implantar o mesmo sistema em Mossoró e passar a pagar às empresas por quilômetro rodado, assim iremos torná-lo mais atrativo às empresas, ampliando e melhorando o serviço, o que por sua vez iria fazer com que os usuários passassem a utilizar mais os ônibus para se locomover, melhorando o trânsito na cidade em geral”, disse o secretário.
Galttiere Tavares afirma que, nos últimos três meses, a secretaria tem estudado possibilidades de melhorias para o sistema de mobilidade urbana no município, devendo apresentar os resultados e propostas à imprensa em coletiva.
Empresários reclamam das condições do sistema de transporte público: De acordo com Eudo Laranjeiras, a saída para melhorar o sistema de transportes seria fazer um estudo sobre mobilidade e dar, de fato, prioridade ao transporte público, o que, em uma cidade do porte de Mossoró esta não é uma tarefa muito difícil de se cumprir.
“Nas atuais condições em que se encontra o sistema de transporte urbano em Mossoró, não há como se manter no ramo. A Cidade do Sol há dois anos pede para sair. Já foram retirados oito ônibus das ruas. Não é mais atrativo trabalhar com ônibus em Mossoró porque a maioria dos que utilizam o transporte público são idosos e estudantes”, conta.
De acordo com dados da Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Mossoró, uma média de 40% dos usuários de transporte público na cidade usam carteira de gratuidade, o que traz prejuízos às empresas que mantêm as linhas. Ainda de acordo com a secretaria, a maioria das pessoas que utilizam a carteira de gratuidade o faz de forma fraudulenta, de modo que a prefeitura estuda a possibilidade de implantar sistemas de reconhecimento facial nos ônibus para evitar tal prática.

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