Mesmo com o dissídio coletivo julgado e em vigor, os motoristas e cobradores de ônibus desafiaram a ordem do Tribunal Regional do Trabalho e mantiveram nesta quarta-feira a greve que chega hoje ao 15º dia. Pior: após o dissídio, nenhum ônibus foi visto circulando pela cidade, causando muitos transtornos para a população.
Nesta quarta, os cerca de 700 ônibus que circulam em Natal ficaram nas garagens. Com isso, mais de 500 mil pessoas foram prejudicadas e tiveram um dia difícil, perdendo o seu dia de trabalho, estudo ou compromisso.
Com isso, o UNIBUS RN traz abaixo um resumo das últimas notícias sobre a paralisação dos rodoviários. Confira abaixo:
100% dos ônibus parados: Os motoristas e cobradores de ônibus de Natal, que haviam decidido nesta terça-feira (24) dar fim à grave da categoria, resolveram agora pela manhã não aceitar os reajustes definidos pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e estão protestando contra o aumento de 7,32% no salário e mais os R$ 10 de acréscimo no vale alimentação. Com isso, não há ônibus circulando na capital potiguar desde que o dia amanheceu.
“Nenhum veículo vai sair das garagens”, afirmou Nastagnan Batista, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro-RN).
O sindicato realizou assembleias nas garagens durante toda a manhã. Na garagem da Guanabara, no Parque dos Coqueiros, nenhum dos mais de 200 ônibus da frota diária chegou a sair.
Paradas lotadas e alternativos rodando: Ônibus fretados e alternativos estão realizando o percurso dos ônibus coletivos durante esta manhã, como uma alternativa para a paralisação total dos rodoviários. Entretanto, sem fiscalização da Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob), as vans andam lotadas, com passageiros pendurados nas portas.
Alguns intermunicipais estão estendendo o percurso das linhas, como é o caso dos alternativos que rodam em Extremoz. A reportagem da Tribuna do Norte flagrou o interbairros Igapó-Extremoz estendendo o percurso até o Natal Shopping, quando a autorização da Semob libera trajeto até Igapó, na Zona Norte.
Na parada do viaduto de Igapó, a falta de ônibus, somado ao sol quente e ao engarrafamento usual, impacientava a população. “Estou quase desistindo de ir para o trabalho. Faz mais de uma hora que estou aqui e não passa nada”, disse o marceneiro Moab Bernardo, 39 anos, que aguardava um ônibus para a Cidade da Esperança.
Em Nova Parnamirim, os pontos de ônibus das três principais vias – Maria Lacerda, Abel Cabral e Ayrton Senna – estavam com pouca ou nenhuma movimentação, comparado ao dia a dia na região. Apenas alternativos com itinerários para Parnamirim realizam viagens. No Terminal Cidade Verde não havia movimentação.
Na avenida dos Pinheirais, principal via do bairro de Neópolis, as paradas estavam vazias. Situação semelhante aos pontos de ônibus da Prudente de Morais e da Hermes da Fonseca, inclusive nas regiões de Petrópolis e Tirol.
O registro de mais movimentação à espera de transporte foi encontrado na avenida Roberto Freire, em Ponta Negra, e na avenida Salgado Filho, próximo ao Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Aulas suspensas: O Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus Natal Central – decidiu suspender as aulas até segunda ordem. A medida ocorre em função da greve dos rodoviários que paralisou o tráfego de transporte público na capital potiguar.
Já o SENAC informou, através de nota, que suspendeu as aulas dos períodos vespertino e noturno desta quarta-feira (25), em todas as unidades na Capital (Alecrim, Barreira Roxa, Centro, Zona Norte e Zona Sul).
Outras instituições, como as escolas municipais e estaduais, e a UFRN, não tiveram que suspender atividades pois os alunos estão em período de férias.
TRT determina volta ao trabalho: O Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN) determinou, nesta quarta-feira (25), através de decisão do presidente do TRT, desembargador José Rêgo Júnior, o imediato fim da greve dos rodoviários.
Amparado pela decisão proferida nessa terça-feira, dia 24, pelo Tribunal Pleno, pela qual se declarou a abusividade da greve dos rodoviários, a decisão determina que o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários no Estado do Rio Grande do Norte – SINTRO/RN, seus dirigentes e os empregados desta categoria, adotem as medidas necessárias para que os ônibus voltem a circular imediatamente pelas ruas de Natal.
O desembargador também coloca a Polícia Militar como responsável por assegurar a saída dos ônibus das garagens. “A liminar requer, diante da gravidade da situação, que sejam garantidos meios aptos a possibilitar o fiel cumprimento da decisão judicial proferida pelo Tribunal Pleno, a fim de permitir a plena circulação dos veículos das empresas, inclusive, autorizando a utilização de força policial e outras medidas necessárias”, diz um trecho da decisão judicial.
A decisão do Tribunal Regional do Trabalho para que a Polícia Militar intervenha na circulação dos ônibus em Natal não foi cumprida ontem. O comandante geral da PM, coronel Francisco Araújo, recebeu a notificação por volta das 16h e afirmou esperar uma posição do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sintro). Segundo ele, caso os rodoviários não voltem a trabalhar nesta quarta-feira, as equipes da PM já estão sendo mobilizadas para intervir na situação nesta quinta.
Comerciantes do Alecrim reclamam de prejuízos: A greve dos rodoviários vem causando sérios problemas à vida dos natalenses. Além da diminuição de coletivos circulando na capital, os comerciantes do Alecrim se queixam de uma queda de 50% das vendas nesse período.
De acordo com um dos vendedores ambulantes do Alecrim, que preferiu não se identificar, o fluxo de pessoas caiu muito quando iniciou a greve dos rodoviários. “Em finais de semana o fluxo aqui no Alecrim é grande, você quase não anda. Mas, desde que a greve começou, as pessoas estão evitando até sair de casa, já que não tem ônibus, só saem de casa nos casos estritamente necessários”, disse.
Além disso, os feirantes reclamam que a greve está prejudicando as vendas e uma das formas de atrair freguezes é reduzir o preço das mercadorias para que não sejam perdidas. “Com a greve dos ônibus pouca gente tem vindo à feira, e isso é ruim pra nós que nos preparamos para grandes vendas e quando tem pouca gente, como em dia de chuva, por exemplo, ficamos no prejuízo. Então, a solução é reduzir os preços pra não ficar no prejuízo”, disse o feirante de frutas e verduras Everton Silva.
Fotos: Tribuna do Norte
Edição: Andreivny Ferreira