PE: Segundo dia de greve com 71% da frota de ônibus circulando

No segundo dia de greve dos rodoviários, setenta e um por cento da frota de ônibus da Região Metropolitana do Recife (RMR) circulou até as 9h da manhã, no horário considerado de pico. O balanço parcial foi divulgado no final da manhã desta terça-feira pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE).
Os números são inferiores aos registrados na segunda-feira, quando a paralisação teve início. Ontem, também de acordo com o Urbana, o dia começou com 66% da frota nas ruas, aumentando para 75%. Índices distantes do defendido pela liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco na sexta-feira passada, determinando que fosse mantida em circulação 100% da frota nos horários de pico, das 5h30 às 9h e das 17h às 20h. Ainda de acordo com a determinação, nos demais horários, os grevistas teriam que manter 50% dos ônibus nas ruas. Em caso de descumprimento, o sindicato terá que pagar multa diária de R$ 100 mil reais.
Também nesta segunda-feira, os motoristas, fiscais e cobradores realizaram um protesto na Avenida Agamenon Magalhães. Os ônibus foram parados em fila e os passageiros foram obrigados a descer. A manifestação aconteceu nas imediações da Praça do Derby.
Não há previsão para o término da paralisação. Os grevistas reivindicam um aumento de 10% no salário e no tíquete alimentação, enquanto o patronato oferece 5% de aumento e a criação de um banco de horas.
Chuva aumenta dificuldades: Os cerca de dois milhões de pessoas que utilizam o transporte público na Região Metropolitana do Recife (RMR) vivem novo dia de caos, nesta terça-feira. Além da greve dos rodoviários, que entra no segundo dia, a chuva que atinge o Grande Recife causa mais transtornos na ida ao trabalho.
Apesar da insatisfação com a pouca quantidade de veículos, grandes filas e com a demira entre as viagens, a situação é menos tensa que a registrada na segunda-feira, quando foram registrados tumultos e depredações.
Nossa reportagem percorreu os terminais da Macaxeira, da PE 15, a estação do Barro e o Cais de Santa Rita, onde o clima é de tranquilidade. Uma das grandes queixas fica por conta do serviço de mototaxi que estaria cobrando R$ 10 pela passagem.
No bairro do Derby, muitas paradas de ônibus lotadas, com intervalos médios de 20 a 30 minutos entre as viagens. Vários coletivos já passam pelos pontos de ônibus cheios.
Tumulto e incêndio no primeiro dia: No início da manhã, vários ônibus eram vistos pelas ruas, com os motoristas não usavam farda. O  clima, no entanto, começou a mudar por volta das 7h30 na estação do Barro, zona oeste do Recife. No local, uma das representantes do sindicato, Sofia Costa, questionou a obrigatoriedade dos trabalhadores em manterem o coletivos nas ruas, se a classe patronal estaria contratando terceirizados para substituir os grevistas.
Depois de estacionar alguns ônibus atravessados na pista, para impedir a entrada e a saída dos coletivos, manifestantes atearam fogo em um dos veículos, da empresa Vera Cruz. O fogo foi apagado e ninguém ficou ferido. A Polícia Militar foi acionada e enviou duas viaturas para o local. Revoltados, os passageiros ateram pedras nos ônibus. Muitos usuários resolveram seguir  o percurso a pé pelas BRs 232 e 101. Alguns motoristas de carros particulares estão cobrando R$ 10 para transportar as pessoas do terminal do Barro até a estação da Macaxeira.
Na Avenida Mascarenhas de Moraes, na Imbiribeira, os motoristas pararam os ônibus enfileirados. Os coletivos estão estacionados nas imediações do viaduto Tancredo Neves. O mesmo acontece na Avenida Conde da Boa Vista. Depois de parar os veículos, os motoristas orientam os passageiros a descerem e continuarem o percuso a pé. Na Avenida Pan Nordestina, em Olinda, coletivos tiveram os pneus furados. O trânsito ficou parado no local. 
Comércio registra prejuízos: A greve dos rodoviários, que começou na segunda-feira (29) e continua nesta terça, causou muitos transtornos aos clientes, comerciantes e trabalhadores do comércio do Recife. Por conta do atraso dos funcionários, boa parte das lojas abriu depois do horário normal. A unidade das Malhas Famosas, na rua Nova, começou a funcionar às 10h. “Saí da Várzea às 7h, mas como peguei uma carona, cheguei cedo ao Centro. Mesmo assim, outros funcionários chegaram mais tarde porque tiveram dificuldade de locomoção. De manhã até agora, fizemos apenas quatro vendas no cartão”, comentou a gerente Marinalva dos Santos. Moradora de Abreu e Lima, a gestora da Esposende, Suzana Bitencourt, saiu às 6h de casa para não chegar atrasada ao trabalho. “Foi difícil. Os ônibus estavam lotados e sem horário definido. Houve algumas faltas dos nossos colaboradores. Mesmo com os preparativos para o Dia dos Pais, o nosso movimento caiu de 60% a 80%”.
Com a dificuldade de chegar ao Centro do Recife e o medo de não encontrar ônibus suficientes para o percurso da volta, só saíram de casa aqueles que tinham algum compromisso inadiável e encontraram transporte. “Tinha que pagar a faculdade. Por isso, fui ao TIP (Terminal Integrado de Passageiros) e não encontrei os ônibus. Resolvi, então, vir de metrô”, disse a assistente social Maria da Conceição Costa. Outra que resolveu usar os serviços do Metrorec foi a cabelereira Flamínia Muniz. “Não foi difícil pegar um trem. Vim fazer uma troca e aproveitei para comprar sapatos. Estou voltando, correndo, para casa”.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL), Eduardo Catão, disse que algumas lojas fecharam até mais cedo por causa da falta de movimento. “Um dia como esse é péssimo para o varejo. Durante a tarde quase não se vendeu nada. As poucas pessoas que vieram para o Centro voltaram logo pra casa com medo que mais tarde fosse difícil pegar um ônibus”, explica. Segundo ele, um dia perdido para o comércio não tem como ser recuperado. Além disso, os efeitos são ainda piores este ano que já foi marcado por vendas baixas durante as datas comemorativas e excesso de feriados por causa da Copa do Mundo.

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