Sempre que se tratar dos problemas decorrentes do crescimento das cidades e a concentração demográfica não planejada, a questão do transporte coletivo entra na pauta das providências indispensáveis. No Brasil, o uso de ônibus ainda é encarado com certo preconceito, como se a opção estivesse reservada a pessoas mais pobres que, desafortunadamente, dependem de um sistema longe da perfeição para se deslocar para o trabalho. Em países mais avançados, o transporte coletivo é encarado como uma solução prática, saudável e ambientalmente adequada, permitindo que sempre sejam lançados projetos que aperfeiçoam as formas de locomoção com rapidez e economia.
A falta de manutenção em pontos de embarque do transporte coletivo urbano, e a ação depredadora de alguns, formam o caldo de incivilidade que sacrifica a tantos usuários, e freiam a intenção de se adotar o transporte coletivo como opção preferencial, o que seria uma alternativa ideal para desafogar o trânsito e facilitar a rotina da população. Em Campinas, o problema apresenta contornos sérios, sem distinção de áreas: por toda a cidade, podem ser conferidos os traços de destruição promovidos por vândalos, que depredam os raros pontos que deveriam abrigar os usuários com conforto e segurança (Correio Popular, 7/8, A13). As queixas vão da falta de manutenção nos abrigos existentes até a absoluta ausência de qualquer equipamento ou sinalização.
Um dos princípios para se difundir conceitos de cidadania é justamente que o Estado faça a sua parte de conservação e manutenção de bens e espaços públicos. As pessoas tenderão a não jogar lixo se as ruas estiverem sempre limpas; o contrário também é verdadeiro. Da mesma forma, se os abrigos nos pontos de ônibus estão degradados, não haverá exemplo a ser seguido. O exemplo adotado no distrito de Barão Geraldo descrito na mesma reportagem é atestado de como a comunidade tende a colaborar com criatividade e boa vontade quando é estimulada.
A Emdec apresenta argumentos que desenvolve programa de restauração dos pontos destruídos, mas admite haver critérios diferenciados para cada bairro, quando o bom-senso aponta para uma padronização do sistema que atenda a todos, sem discriminação, e que os esforços de manutenção sejam abrangentes e à altura da necessidade. O abandono e o descaso somente alimentam a falta de educação de parte da população e um ciclo de vandalismo que causa desalento à maioria ordeira da população.
Fonte: Correio Popular