Garagem.com: Zelo pelos passageiros, uma habilidade em extinção

O dicionário on-line Dicio.com define zelo como “empenho extraordinário na execução dos deveres, das obrigações […]; afeição ardente e viva por […] alguma coisa”. Coisa linda de se ler, não? Certamente todos nós já zelamos por algo: um carro, um sonho, um amor. Partindo dessa ideia, logo, todos sabem e já sentimos como é zelar por algo. E aí eu vou provocar-lhes: já imaginaram se as empresas de ônibus da nossa cidade sentissem isso por nós, seus passageiros?

Na minha visão esse zelo é quase inexistente, ao menos aqui no Rio Grande do Norte, lugar onde posso falar com mais conhecimento. Com exceção de algumas empresas de ônibus, as demais operadoras estão muito distantes do ideal de zelo pelos passageiros. Não é que eu tenha preferência por empresa A ou empresa B, só vejo os fatos e contra fatos não há como argumentar.

Vamos para a prática? Um exemplo: na última sexta-feira voltei para o bairro onde moro na companhia de uma simpática barata. Na verdade ela não estava nem como passageira, mas como residente mesmo. Sua casa fica dentro de um dos borrachões da janela do ônibus. Barulhento, inacreditavelmente lento, e num estado crítico de conservação. Não sou conhecedor de baratas, mas acho que havia outras delas morando em tal carro. Destaco que não é a primeira vez que encontro baratas nos ônibus que vão para o bairro onde moro. Isso é zelo pelos passageiros?

É uma pena que tal falta de compromisso com um exemplar transporte de passageiros não ser exclusividade de apenas uma empresa. Em Natal, na minha visão (que isso fique claro), apenas duas se salvam, ainda que com ressalvas – e curiosamente são genuinamente potiguares e ainda não foram compradas por nenhum grande grupo. Deus as livre. Vejam bem, me entendam, não demonizo as empresas que foram compradas, mas qual é o bom exemplo que elas têm dado para seus passageiros? Qual? Desafio você, caro leitor, a mostrar esse exemplo!

Ora, manter um ônibus limpo e em bom estado de operação é o mínimo! Ainda há quem diga que as pessoas só querem se locomover independente da qualidade do serviço, mas aí eu digo: é engano! Ledo engano! Ainda que de forma inconsciente as pessoas anseiem por mais. Há uma janela enorme de possibilidades no ato de transportar pessoas. Há um ínterim a explorar entre o embarque e o desembarque.

A gana pela tarifa cega muito as empresas. É o que parece. Tudo gira em torno da tarifa, como se os passageiros fossem moedas e os ônibus os cofrinhos. Não é assim que se faz transporte! Já estou cansando de gritar isso aos ventos – e por vezes levo algumas pedradas. Transportar pessoas é ofício de honra, é a possibilidade de ser o “carro” das pessoas. Empresas que põem seus clientes em evidência acabam desenvolvendo diferenciais de mercado, sendo lembradas e até amadas por eles. Bons resultados contábeis são consequência de um bom serviço prestado.

O zelo pelos clientes é uma habilidade empresarial que traz muitos benefícios para a empresa e para quem utiliza seus serviços, tanto em tangíveis como em intangíveis. É algo que pode ser cultivado por pequenas e por grandes empresas, basta ter vontade de cumprir com êxito a atividade fim da empresa. Em quê está o compromisso das empresas de ônibus que utilizamos? Fica a reflexão.

Por Rossano Varela

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