O reforço do policiamento ostensivo nos principais pontos onde aconteciam ações criminosas contra transportes coletivos diminuiu os assaltos a ônibus em Natal e Região Metropolitana, tanto que o sindicato da categoria tem elogiado constantemente o trabalho que tem sido feito pelo sistema de segurança. Porém, nos últimos sete dias, o bandidos voltaram a agir e escolheram a zona Norte da capital como a região na qual os roubos contra coletivos se tornaram mais “viáveis”.
Do último dia 10 de setembro até a manhã desta quinta-feira (18), quatro assaltos a ônibus foram registrados na zona Norte. Antes da ação do dia 10, Natal tinha passado uma semana com apenas uma tentativa de assalto. O caso mais recente aconteceu na noite desta quarta-feira (17). O veículo assaltado foi da linha 73 e liga o conjunto Santarém, na Zona Norte, ao bairro de Ponta Negra, na Zona Sul da cidade. De acordo com a polícia, o crime aconteceu durante a travessia da Ponte de Igapó.
Segundo relatos de testemunhas, o ladrão foi bastante violento e com a arma em punho ficava ameaçando a todos. Ele foi embora levando o dinheiro do caixa e vários celulares dos passageiros. Antes de escapar, ele ainda deu mais uma prova de que estava disposto a tudo para conseguir realizar o roubo e atirou dentro do veículo, ao lado do cobrador, somente para que ninguém fosse atrás dele. Nenhum dos ocupantes do veículo foi atingido pelo disparo.
No dia 11 de setembro, a linha 60 foi vítima de criminosos no mesmo local. Dois homens pediram parada e depois anunciaram o assalto. Um dos suspeitos estava armado e recolheu o dinheiro que estava no caixa, além de pertences dos passageiros. Nesse momento, um dos usuários entrou em luta corporal com um dos bandidos, na tentativa de render o assaltante, mas não conseguiu. A dupla fugiu em direção ao conjunto Jardim Lola, em São Gonçalo do Amarante.
Os outros casos aconteceram no conjunto Cidade Praia, no bairro de Lagoa Azul e quando o ônibus da linha 70 passava pelo gancho de Igapó. Nesses três casos, a Polícia Militar foi acionada e realizou diligências pela região, mas não conseguiu encontrar nenhum dos suspeitos.
De acordo com o major Manoel Kennedy, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, o fato da região ser “grande”, proporcionar várias rotas de fuga e a falta de imagens para se identificar os bandidos, tornam o trabalho da PM mais complicado. “As pessoas ainda têm aquele raciocínio de que o assaltante é uma pessoa pobre, que não se veste bem. Mas isso mudou há muito tempo. Hoje os assaltantes andam bem vestidos. Muitos entram no ônibus, pagam passagem e só depois anunciam o assalto. Além de agirem em casais também. Também não temos como rastrear as armas”, frisou o major, que ainda completou. “Na Zona Norte nós tínhamos uma situação com a empresa Reunidas, que todos os dias tinha um ônibus assaltado. O pessoal da empresa veio até nós, com imagens de câmeras de segurança. Fizemos um trabalho de inteligência, colocamos policiais à paisana nos locais e conseguimos prender os cinco criminosos que estavam assaltando”.
Sobre os roubos no decorrer da Ponte de Igapó, o major afirmou que atualmente apenas agentes da Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana) estão fazendo fiscalizações, o que tem facilitado as ações dos criminosos. “Aquela região já é de responsabilidade do batalhão de São Gonçalo do Amarante, mas sempre estamos por lá. Antes o posto que fica logo depois de quem está vindo da zona Norte era composto pela CPRE (Comando de Polícia Rodoviária Estadual), que fazia a fiscalização. Como eles não estão mais lá, os assaltantes estão se aproveitando. Eles entram na parada antes da ponte e vão fazendo o assalto. Quando chegam no final, eles descem e se escondem na região”.
Fonte: Jornal de Hoje