Apontada como alavanca para o desenvolvimento econômico, a infraestrutura tem, atualmente, gargalos que dificultam a atração de investimentos e indústrias. Para se ter ideia, os únicos acessos que escoam o tráfego metropolitano em Natal completaram, em 2014, 77 anos. Oriundos do Plano de Viação de 1937, os corredores das BRs 101Sul/226/304 e BR 101 Norte/406 não mudaram em nada nas últimas décadas. Em compensação, passaram a receber não só o fluxo entre as zonas norte e sul da capital, mas o contingente que cruza toda a Região Metropolitana. São 423.459 veículos – entre ônibus e carros – que integram a frota na região.
Esse é só um exemplo de como a infraestrutura está aquém das demandas. Para que o Rio Grande do Norte consiga retomar o crescimento econômico de forma sustentável, é fundamental fomentar o investimento em infraestrutura. O tema é uma das propostas para o Rio Grande do Norte dadas pelos cinco candidatos ao Governo do Estado.
O desafio do próximo governador do Estado é encontrar recursos e parceiros para melhorar a rede de transporte, criando modais interligados; ampliar a malha ferroviária e os portos para elevar a capacidade de processamento de cargas. Aumentar a área pavimentada das estradas que cruzam o Estado, extinguindo as rodovias ruins ou péssimas. Alguns estudos já elaborados, entre eles, o Mais RN, já aponta uma série de medidas necessárias para alavancar o crescimento do RN, como o investimento na ampliação das redes de transmissão, estimulando a produção de energia renovável e aumentando a oferta de gás natural para uso industrial e doméstico.
Diante dessa realidade, a TN perguntou a cada um dos candidatos Que mudanças de infraestrutura o RN precisa? De forma geral, todos concordam que o RN ainda carece de uma infraestrutura adequada às demandas dos produtores e que consiga atrair novos investimentos produtivos e estruturantes. Conheça a proposta de cada deles.
Araken Farias – PSL: Em nosso governo, vamos investir de forma inteligente na infraestrutura, não só transformando o RN em um canteiro de obras, mas sim fazendo intervenções corretas e que, realmente, melhorarão a vida do povo potiguar, tanto no aspecto da mobilidade urbana, quanto da economia. Por isso, pretendemos implantar, reformar e ampliar as linhas férreas ligando, por exemplo, o Seridó ao terminal de Graneleiro de Porto do Mangue e Mossoró a Natal. Entre essas duas cidades, também instalaremos o metrô. Já na Grande Natal, continuaremos o estudo para implantação do VLT; ampliaremos a Ponte de Igapó e construiremos uma nova ponte ligando à zona Norte, partido do Passo da Pátria. Construiremos ainda viadutos na Tomaz Landim e na Maria Lacerda, para acabar com esses gargalos do trânsito. Para melhorar o turismo e a economia, tomaremos as providências para a reativação do aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim, e a construção de um novo porto seco e de um porto de plataforma em alto-mar, para atrair navios de grande porte.
Henrique Eduardo Alves – PMDB: O Rio Grande do Norte perdeu sua capacidade de investir nos últimos tempos. O resultado é que o Estado, que chegou a apresentar uma evolução do PIB acima da média nordestina, ficou para trás e ocupa as últimas posições da Região em matéria de crescimento econômico. O RN precisa recuperar essa capacidade e elaborar projetos em parceria com a União e com a iniciativa privada, por meio de PPPs, para implantar a infraestrutura necessária a um processo de estruturação econômica. O polo de mineração, com potencial considerável, só poderá se tornar promissor se contar com o apoio de um eficiente sistema logístico. Da mesma forma, as jazidas de sal, calcário e gás, concentradas numa única região geográfica podem gerar a implantação de um polo petroquímico, desde que contem com infraestrutura logística adequada. Nos dois casos, a solução está na implantação de uma malha ferroviária e de um novo terminal portuário em Porto do Mangue para embarque de granéis sólidos. Outro investimento em logística é a duplicação da BR-304 no trecho entre Natal e Mossoró. Combinada com o aeroporto Aluízio Alves, essa rodovia contribuirá para alavancar o desenvolvimento. Vou implantar um aeródromo para aviões executivos em Pipa, para dar mais dinamismo ao turismo.
Robério Paulino – PSOL: Nenhum estado se desenvolve sem boas estradas, portos, ferrovias, aeroportos, linhas de distribuição da produção etc. Parte das estradas do RN está em péssimas condições, o que dificulta a produção e prejudica a população. A antiga malha da RFFSA foi destruída. A oferta de água para a população e atividades produtivas é insuficiente. Para implementar o plano de desenvolvimento que o PSOL apresenta para o RN, seria necessário construir ou iniciar planos para as seguintes obras: duplicação das BRs 304, 226 e 406, além da BR 110 entre Mossoró e Areia Branca, que chega ao Terminal Salineiro. O Porto Ilha precisará ser ampliado, para dar escoamento à crescente produção industrial, agrícola e mineral do estado. Precisamos melhorar a logística e aprofundar o Porto de Natal. Natal precisa imediatamente de uma terceira ponte, possivelmente saindo do Baldo. Propomos iniciar a reconstrução de uma malha ferroviária no Estado, em parte sobre os antigos terrenos da Rede Ferroviária Federal. É preciso inverter a forma de acumulação e abastecimento de água, construindo dezenas de milhares de cisternas-calçadão de até 100 metros e de poços artesianos nas propriedades rurais do estado, plantando milhões de árvores no semiárido.
Robinson Faria – PSD: O dinamismo econômico que esperamos atingir nos anos de 2015-2018 no Rio Grande do Norte exige logística e infraestrutura correspondente. Temos vários ativos logísticos – rodovias, ferrovias, aeroportos, pistas de pouso, heliporto e portos – que, às vezes, concorrem entre si, quando na verdade devem se complementar. É preciso entender a plataforma logística do Estado como um todo e reconhecer sua intermodalidade. O nosso governo vai lutar pela implantação de um novo porto de grande escala – Terminal Oceânico do RN; planejar um sistema de tráfego eficiente pra a região Metropolitana de Natal; criar o “Corredor Logístico da Zona Metropolitana de Natal; consolidar o Plano de Zoneamento Ecológico-Econômico (PZEE) da Costa Branca e do Vale do Açu; lutar pela duplicação das BRs 304 e 406; fortalecer a integração das RNs em um eixo rodoviário que liga a região Seridó ao Litoral; lutar para viabilizar a conexão da rota aérea regional, especialmente Natal-Mossoró e fortalecer e modernizar a Agência Reguladora (Arsep).
Simone Dutra – PSTU: A infraestrutura é a base material que permite a produção de riquezas na sociedade. Temos 4 prioridades para a infraestrutura do RN: Obras para acabar com seca e garantir produção de alimentos para o povo. Construção de redes de distribuição de alimentos do Estado, apoiado numa Reforma Agrária. Objetivo: baratear o preço dos alimentos da cesta básica. Voltar a matriz ferroviária, ligando as grandes cidades e regiões produtoras. Meio mais barato e seguro para transportar pessoas e cargas. Objetivo: baratear o preço do transporte, como forma de baratear todas as mercadorias. Garantir linhas de transmissão de energia elétrica, gasodutos e refinarias, controlados por empresa estadual, pública, para industrializar o RN. Objetivo: baratear o preço da energia e dos combustíveis. A formação de uma construtora estatal para construir hospitais, escolas, refinarias, linhas de trem e moradias populares. Objetivo: baratear o preço das obras. Estas são nossas prioridades para garantir o desenvolvimento do mercado interno e o barateamento geral dos produtos para o povo potiguar, oposto à economia de hoje, que está apoiada em empresas multinacionais, que produzem alimentos e matérias primas para exportação, deixando um rastro de pobreza no nosso Estado.
Fonte e foto: Tribuna do Norte