Falta ao Brasil planejar a mobilidade urbana de maneira coordenada. Essa é uma das conclusões para a mobilidade urbana constantes do material “O que o Brasil precisa em transporte e logística”, documento que reúne as principais demandas do setor de transporte e que será entregue aos candidatos à Presidência da República. O texto também serve de apoio a demais tomadores de decisão, além de informar e nortear o cidadão brasileiro da situação de diversos segmentos do setor.
De acordo com o material, a capacidade do transporte coletivo em atrair usuários do transporte individual está relacionada não apenas aos custos do transporte, mas, sobretudo, ao nível de serviço oferecido, como conforto, rapidez e segurança. Maior integração física, tarifária e de informação permitiriam que as viagens, independentemente do número e da variedade de modais envolvidos, fossem usufruídas pelos usuários com menos obstáculos.
Para isso, é imperativo investir em uma rede de transporte com nível elevado de serviço e com capacidade e itinerários adequados às necessidades e às demandas da população. Ciente disso e da dificuldade de se coordenar o planejamento dos investimentos de mobilidade urbana, a CNT apresenta intervenções voltadas à solução dos problemas de mobilidade nas regiões mais densamente povoadas do país. No total, são 343 projetos distribuídos em 18 regiões metropolitanas, que totalizam investimentos estimados de R$ 239,8 bilhões.
Conforto, rapidez e segurança são essenciais na movimentação diária de pessoas nos centros urbanos. Sistemas de transporte coletivo eficientes garantem o desenvolvimento econômico das cidades, pois reduzem o tempo dos deslocamentos e diminuem a emissão de poluentes. As vantagens sociais e econômicas do transporte público urbano têm peso ainda maior porque é nas cidades onde se concentra a maior parte da população e da produção econômica do país.
No Brasil, o ônibus é o meio de transporte mais disseminado, com 86,8% de participação no transporte público coletivo. Aproximadamente, são transportados 40 milhões de passageiros por dia nas 3.311 cidades atendidas por sistema de ônibus organizados. A frota tem idade média de 4,2 anos e compreende 107 mil veículos, operados por 1.800 empresas. A bilhetagem eletrônica está presente em 288 cidades (85,2% daquelas com mais de 100 mil habitantes).
Trilhos: Existem também no Brasil 16 sistemas urbanos de transporte sobre trilhos que atenderam, no último ano, cerca de 3 bilhões de passageiros. Diariamente, 9,3 milhões de pessoas utilizam os sistemas sobre trilhos do país. A rede metroferroviária, presente em apenas 12 das 63 médias e grandes regiões metropolitanas brasileiras, é de 972,7 km. A rede nacional é composta por 38 linhas, divididas em 501 estações, onde operam 3.900 carros. Para efeito de comparação, cidades como Londres e Nova York têm, cada uma, mais de 400 km de metrô, enquanto em São Paulo, a maior rede do Brasil, são apenas 75 km de extensão.
O transporte ferroviário em meio urbano, como os metrôs e trens, oferece grande capacidade de transporte. Apesar disso, sua participação no total de passageiros transportados corresponde hoje a uma parcela muito pequena do seu potencial. Completa os sistemas de transporte coletivo urbano o transporte aquaviário, que é realizado em embarcações convencionais ou rápidas, principalmente em cidades da Região Norte, dotada de maior rede hidroviária.
Segundo o documento, mesmo a organização do transporte coletivo urbano sendo de responsabilidade dos municípios, é urgente a implementação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, Lei nº 12.587, apoiada pelo governo federal, e de ações que melhorem o desempenho de todo o sistema de mobilidade urbana, com a priorização do transporte público. Além disso, é primordial promover a modicidade tarifária dos serviços de transporte coletivo urbano a partir da desoneração da atividade. Com participação de 18,7% na composição do IPCA, índice oficial de inflação do Brasil, a redução do preço das passagens contribuiria positivamente para o controle da inflação no país e permitiria expressivo aumento de poder de compra das famílias.
Fonte: Agência CNT de Notícias