Quem quiser conhecer algumas vítimas dos assaltantes não precisa “rodar” muito para encontrá-las, basta ir a um terminal de passageiros de Felipe Camarão, onde a Tribuna do Norte, conversou com Juvenal Ferreira, que trabalha como “folguista” da empresa Conceição: “Já fui assaltado três vezes”, conta ele.
Juvenal Ferreira disse que prefere trabalhador tirando a folga dos colegas cobradores ou motoristas, porque não fica muito visado pelos assaltantes. Por isso, ele diz que já sofreu abordagens numa parada em Felipe Camarão, próximo à 14ª Delegacia de Polícia e na rua Napoleão Laureno, no Km 6: “Não gosto de trabalhar fixo, pra não ficar conhecido dos assaltantes”.
Andriê Ferreira da Silva disse que além do constrangimento de passar pela ameaça de perder a vida – “bota a arma apontada pra gente e ainda mandam cortar sinal, uma vez quase batia num motoqueiro”. Vítima de cinco assaltos, Andriê da Siva afirmou que “tem a família para manter e, por isso tem de enfrentar a profissão, até achar uma coisa melhor”. Motorista de uma linha de Felipe Camarão para o centro da cidade, ele disse que no último assalto ficou com uma faca na barriga. “Já tinha dado o dinheiro e vi que ele ia furar. Mandei levar as moedas”, contou.
Edilson de França Cabral disse que já foi assaltado 14 vezes – “a maioria foi no terminal de Regomoleiro” – , mas ele também contabiliza assaltos em frente ao cartório de Igapó, na lombada eletrônica de Parque dos Coqueiros e na igrejinha e na subestação da Cosern no conjunto Amarante.
“Todos os assaltos foram com arma de fogo”, disse ele, para relatar que a maior parte dos assaltantes “usam bonés para esconder a fisionomia”. O último assalto, segundo ele, ocorreu na noite do sábado, na descida da chamada “curva da morte”, no Amarante. “Eles chegaram batendo pela lateral da janela do motorista, quando o pessoal estava descendo na parada”, contou.
Francisco das Chagas Torquato conta que, em 25 anos de sistema, só foi assaltado duas vezes. “Como trabalho na parte da manhã, tem bem menos assalto, porque os criminosos não tem muita possibilidade de se esconder”, contou. Segundo ele, os colegas que trabalham à noite são as maiores vítimas porque “os assaltantes se escondem muito atrás da escuridão e tem alguns pontos conhecidos, que são mais desertos e não têm iluminação”.
Torquato disse que foi assaltado uma vez, às 6h30, na Via Costeira e outra vez à tarde, na praça das Flores. “Não há um ponto que se possa dizer assim, aqui é seguro, a nossa categoria hoje vive assombrada, à mercê da marginalidade, a gente sai de casa, coloca o pé fora, sabe que tá saindo, mas não tem a certeza da volta, isso nos incomoda muito”, relatou.
Por essa razão, Torquato afirma que muitos coletas não se disponibilizam para o trabalho, estão afastado pela perícia médica e muitos mudando de profissão. “Tem também quem queira iniciar na profissão, mas quando vê a violência estampada na mídia, desiste”, afirma.
Fonte: Tribuna do Norte