“A partir do momento que o cadeirante sai de casa, começam os obstáculos. As calçadas que são quebradas; o elevador do ônibus que não funciona… Mas a gente precisa lutar por nossos direitos”, afirmou o estudante Reginaldo Faustino da Silva, 51 anos, que todos os dias precisa do transporte público, em João Pessoa. Se para muitos esperar entre 40 minutos e 1 hora um ônibus é um absurdo, imagine esperar o dobro por um ‘carro eficiente’ e ter que torcer para que os operadores dele estejam treinados para utilizar o elevador. Este é o desafio de pessoas com mobilidade reduzida na Capital.
Todos os dias, de segunda-feira à sexta-feira, Reginaldo Faustino da Silva, que mora no Jardim Treze de Maio, precisa se deslocar para o curso no Castelo Branco, à noite. Ele pega quatro ônibus diariamente e para chegar na hora da aula, às 18h, ele sai cedo de casa entre 15h30 e 16h. “Eu vou cedo para não correr o risco de perder o ônibus que é a linha 1001 e vou até a Lagoa. Lá eu pego o Castelo Branco (304 ou 517) até a universidade. Faço um itinerário parecido na volta, só que paro na Igreja Batista. Eu chego às 21h30 e às 23h ainda não tem passado nenhum. Eles (os motoristas dessa linha) estão desviando o percurso para não pegar os cadeirantes na parada. A gente corre risco de ser assaltado, porque não fica ninguém nas paradas. Uma vez eu tive que ligar para o vigilante da minha rua para poder me pegar na Epitácio Pessoa e ir até a minha casa”, afirmou.
Além da demora, Reginaldo Faustino ainda informou que há vários carros das linhas do Geisel, Jaguaribe (003) e 304 (Castelo Branco) que não funcionam ou que os colaboradores (motoristas e cobradores) não sabem manusear os equipamentos. Ele ainda reclamou que calçadas como a primeira parada de ônibus da Avenida Epitácio Pessoa, ao lado do Colégio Lourdinas, prejudica as pessoas que passam por ela, principalmente cadeirantes, gestantes, idosos e outros de mobilidade reduzida. Além disso, citou também que o problema de falta de infraestrutura se repete no anel interno Lagoa e também na calçada da Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad), no Pedro Gondim.
O esportista e cadeirante Gilvan Andrade de Lima, 43, também utiliza o transporte coletivo na Capital. Ele mora no Bairro das Indústrias e, quando precisa ir até a Funad, espera até 2 horas para conseguir pegar um ônibus eficiente que funcione. “A linha 506 (Bairro dos Estados) demora muito para passar e quando passa o elevador não funciona ou os cobradores não sabem mexer. Eu mesmo, de tanto andar, já sei mexer no equipamento. Eu acabo ensinado porque é muito ruim ficar esperando. A gente reclama, ás vezes, não é do motorista, mas das empresas que não estão nem aí para consertar os equipamentos e treinas as pessoas para usar o elevador”, pontuou.
A Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) informou por meio da assessoria de imprensa as calçadas são resposabilidade dos donos dos imóveis e que a PMJP está executando projetos para melhorar os passeios públicos. Mário Tourinho, diretor da AETC, disse que falaria após a publicação da matéria.
Fonte e foto: Portal Correio