A fabricante de carrocerias de ônibus Comil lançou na Fetransrio 2014, evento que ocorreu entre os dias 5 a 7, quinta e sexta-feira dessa semana, no Rio de Janeiro, a nova versão do seu ônibus que é o “produto de entrada” do seu portfólio de modelos. Trata-se do novo Campione 3.25, que ganhou uma nova roupagem. Com ela, readequação no design e repaginação interior para tornar o produto mais competitivo para disputar mercado nos segmentos de fretamento e das linhas rodoviárias regulares intermunicipais e interurbanas. Confesso que esperava uma remodelação maior, com layout com mais mudanças em relação ao atual Campione 3.25.
Não mudou o que se esperava, partir para uma mudança profunda, tipo o que mudou a Marcopolo quando deixou de fabricar a Geração 6 e lançou a Geração 7. Há no novo Campione 3.25 elementos de design que são familiares aos ônibus que disputam o segmento de fretamento e linhas rodoviárias regulares de pequenas distâncias. O release distribuído pela Comil a imprensa dá ênfase a componentes funcionais que tem como premissa dar mais conforto aos passageiros e ao motorista. Um pouco do semblante dos irmãos maiores, Campione HD e DD, também foram incorporados. O objetivo, segundo a Comil, é proporcionar atributos que satisfaçam os passageiros, condutor, equipe de manutenção e empresários.
Um outro ponto positivo do novo Campione 3.25, que deve ser estendido aos irmãos 3.45 e 3.65 em breve é a continuidade do design diferenciado. Sim, a Comil não aderiu a pasteurização e a mesmice, onde um copia o outro e/ou segue a mesma tendência, de fabricar carrocerias idênticas, com diferenciações reduzidas. Tudo começou com a Irizar em 1998. Levou alguns anos, mas em 2009 a Marcopolo, ao lançar a sua Geração 7 de novos rodoviários, adotou o design externo extremamente semelhante aos Irizar. Parou por aí? Não. A Mascarello seguiu as mesmas diretrizes de linhas e até a Neobus. Resultado: pra quem não conhece o produto não há como diferenciar quem é o fabricante.
Dessa mesmice de projeto, de layout externo, outros fatores podem se somar. Como, por exemplo, o passageiro pensar que está embarcando em um ônibus novo e se equivocar, pois o carro já tem 6 a 9 anos de estrada. É tudo igual, somente busólogos conseguirão identificar o ano e carroceria. Da pasteurização também outro fator surgiu com o agravante de ser prejudicial ao usuário. A substituição de modelos pesados, trucados Midle Decker (MD) e High Deck (HD) por modelos semipesados, as carrocerias toquinho, 4 x 2. Das quais a presença mais maciça nas estradas e rodoviárias é o Marcopolo Paradiso 1050 G7. É até enjoativo.
Mesmo com as poucas alterações visuais que a princípio se observa, a Comil garante que o novo 3.25 vai proporcionar redução no consumo de combustível, pois a sua curvatura frontal é mais acentuada e pela redução no peso do conjunto estrutural. Tomara que essa redução não tenha se dado pelo uso excessivo de componentes plásticos no revestimento interno e que pode resultar em maior trepidação e diminuição da capacidade de absorção de ruídos externos. Eles garantem que a tradicional durabilidade dos ônibus Comil foi mantida no novo projeto. E vão além, ao mensurar que a redução de custos operacionais também está presente no novo Campione. Para quem tiver mais unidades da marca na frota, inclusive irmãos maiores, 3.45, 3.65, HD e DD, é possível a intercambialidade de peças. Disso resulta redução do passivo imobilizado em peças no almoxarifado, o que não acontece quando diversos modelos de ônibus fazem parte da composição. Entre as peças que permitem esse uso estão as janelas, lanternas de sinalização, faróis e componentes da iluminação interna.
A nota distribuída a imprensa ressalta outras virtudes do 3.25, como o novo conjunto de painel modularizado e o novo sistema de abertura do capô, que facilita o trabalho de verificação e manutenção. O sanitário segue o padrão de elegância adotado nos irmãos maiores, HD e DD. Os conjuntos óticos seguem legislação internacional sobre iluminação e visibilidade, utilizando, inclusive, “Daytime Running Light (DRL)”, que aumenta a visibilidade do veículo durante o dia. Outra citação diz que foi ampliada a largura interna do ônibus. Será que passou de 2,40 para 2,50 metros? Outros destaques são os acabamentos internos em polímero e o novo sistema de iluminação do salão de passageiros em Led.
Para um ônibus de entrada, destinado a viagens rápidas em percursos de curta distância, há ainda atrativos que fazem parte do cardápio de opções, como geladeira, cafeteira, bebedouro, áudio, vídeo, telas de TV e sistema “dual zone”. O novo conjunto de painel modularizado e o novo sistema de abertura de capô facilita a reposição de peças. Além disso o sanitário traz a elegância dos sanitários dos modelos DD e HD, propiciando maior facilidade na limpeza. O porta-pacotes e todo o ambiente interno possuem novo sistema de iluminação em Led, que tornam o interior do veículo mais sofisticado. Os novos acabamentos internos em polímero concedem maior leveza ao conjunto e melhor qualidade.
Quanto as opções de chassi para encarroçamento do Campione 3.25 estão os MAN Latin America VW 17.230 OD 4 x 2; Mercedes-Benz OF-1721 4 x 2 e OF-1724 4 x 2; Volvo B270F Urbano. É o que diz o release. Mas creio que faltou mensurar que essa mesma carroceria pode ser montada ainda sobre os chassis Agrale MA 17.0; Iveco S170; VW 15.190 OD 4 x 2; VW 15.190 ODR; VW 17.260 OD; MB OF-1519 4 x 2; MB OF-1721 L 4 x 2; MB OF-1724 L 4 x 2; Scania F 250 4 x 2. Como se vê, sempre releases redigidos por quem até conhece do ofício de redigir matérias, mas que deixa a desejar quanto as especificações técnicas do assunto abordado.
Fonte e foto: Mobilidade em Foco