Todos os anos é a mesma situação. Os assaltos aos transportes coletivos no Rio Grande do Norte são constantes e acontecem praticamente todos os dias. Porém, este ano a situação foi ainda pior. O Jornal de Hoje entrou em contato com o presidente do sindicato da categoria, Nastagnan Batista, que classificou 2014 como “um dos piores anos da história”.
O motivo é simples. Além dos assaltos constantes, que até o final de março já somavam cerca de 760, os trabalhadores sofreram ainda mais nas mãos dos bandidos. “Nós tivemos companheiros nossos mortos, esfaqueados e baleado. Foi um ano realmente terrível para nós. A insegurança foi imensa, tanto para os trabalhadores quanto para os próprios passageiros. Tivemos que fazer algumas paralisações para tentar trazer alguma resposta do Governo”, destacou Nastagnan.
Em agosto, por exemplo, o motorista Francisco Izaque de Faria, de 37 anos, passava por Parnamirim, quando dois criminosos entraram no veículo se passando por passageiros e anunciaram o assalto. De acordo com a Polícia Militar, 40 pessoas estavam no alternativo no momento do crime. A dupla roubou os pertences dos passageiros, levou o dinheiro do ônibus e pediu ao motorista para parar o veículo. Mesmo com a ordem atendida, um dos suspeitos atirou em Francisco Izaque antes de descer do ônibus. Atingido na perna, o homem perdeu muito sangue e mesmo recebendo atendimento do Samu, não resistiu, morrendo no local.
Já em outubro, Carlos Alberto Silva, então cobrador da linha 38, foi baleado no peito durante um assalto. Ele passou por um procedimento cirúrgico e sobreviveu. O criminoso, um adolescente de 14 anos, foi detido pela população logo depois da ação e espancado até a chegada da polícia.
Os dois casos mobilizaram a categoria, que fez grandes manifestações e paralisou as atividades por algumas horas. Os protestos surtiram efeito e novas ações policiais foram realizadas para tentar diminuir os assaltos. Ônibus passaram a ser revistados e paradas de ônibus estão sendo monitoradas. O resultado foi uma diminuição significante dos crimes, pelo menos na visão do Sindicato dos Rodoviários do RN (Sintro-RN). “Não temos como negar que a polícia realmente aumentou as ações para combater os assaltos. Algumas pessoas foram presas e o número de ocorrências realmente diminuiu nesses dois últimos meses (novembro e dezembro). Mas infelizmente o estrago do início do ano já estava feito”, comentou Nastagnan.
Já um motorista de ônibus, que não quis se identificar, afirmou que os assaltos continuam constantes. “Aquela história de abordagens policiais não deu em nada. Eles começaram a fazer, diminuiu e depois pararam. Continuamos tendo assaltos todos os dias. Já estou buscando outras opções de trabalho, pois essa aqui está perigosa demais. Nós saímos de casa sem ter a certeza se iremos voltar”. Entre a última quarta e quinta-feira, ações criminosas foram registradas em ônibus na Grande Natal, dois em Parnamirim, na BR 101. Em nenhum dos casos os suspeitos foram presos ou identificados.
Por fim, Nastagnan destacou a necessidade de se fazer ações desde o início do ano para evitar o que aconteceu este ano. “Precisou acontecer esses casos mais graves para que fosse tomada alguma providência. É preciso acontecer investimentos do Governo, para aumentar o efetivo policial e também das próprias empresas de segurança, que também podem tomar algumas medidas, como a instalação de câmeras de segurança”.
Fonte: Jornal de Hoje