Lúcio Gregori: “A catraca é um símbolo de um país, infelizmente, ainda muito atrasado”

Levantando diversas pautas das manifestações de 2013, o livro “Brasil em movimento” foi lançado na noite desta quinta-feira (15), em São Paulo (SP). Com mais perguntas do que respostas, as manifestações de junho motivaram dezenas de pensadores, professores, militantes e artistas a escreverem artigos, reunidos agora no livro, a fim de explicar qual a importância dos acontecimentos e as mudanças que elas significam ou significaram para o país.
Lúcio Gregori, ex-secretário municipal de transportes de São Paulo na gestão de Luiza Erundina, entre 1989-1992, esteve presente no evento e expôs questões acerca da mobilidade urbana.
“Vivemos em um país em que o pacto social, ou seja, aquele que nos faz abrir mão de alguns desejos particulares em prol da coletividade, nunca foi cumprido. Então os jovens saíram às ruas para dizer: mobilidade é fundamental e a tarifa é um impedimento. A catraca é um símbolo de um país, infelizmente, ainda muito atrasado”, explicou.
Colocando o fogo como objeto transformador, a artista plástica Carmela Gross, também esteve presente e falou sobre seu filme “Luz del Fuego” no qual tentou mostrar o resultado das mobilizações. A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Raquel Rolnik e o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, também participaram e falaram sobre o assunto.
Raquel reforçou que vivemos hoje em uma “era das revoluções” e lembrou que o Brasil não é o único país do mundo que viveu levantes nos últimos anos. Países como Grécia, Espanha, Brasil e Turquia, apesar da globalização, tem demandas e problemas diferentes que fizeram com que a população se encontrasse nas ruas.
“A imprensa mundial analisava as insurgências em países como Grécia e Espanha como algo ligado à crise profunda que eles viviam como pouco emprego, pouco crescimento econômico e uma juventude sem oportunidade. Quando isso estourou também no Brasil e na Turquia, que eram países que viveram uma década de crescimento em sua economia, ninguém entendeu mais nada. Aquilo nada mais foi do que o encontro de demandas que já estavam presentes e que nada tinham a ver com os sindicatos, partidos e movimentos com estruturas hierarquizadas”, disse.
O preço: Pauta mais concreta de quem foi às ruas em 2013, a tarifa do transporte público está novamente no centro do furacão. Muito mais de os centavos do aumento, Lúcio argumenta que no Brasil não existe o devido investimento do poder público no transporte coletivo em comparação com países de PIB equivalentes.
“Nossos subsídios ao transporte público está na casa dos 15% e quando muito 20%. Somos o 7º PIB mundial, mas investimos como os últimos. Em Madri e Paris, por exemplo, esse valor é de 55%. Em alguns lugares da Europa e dos EUA eles chegam a 60% e até 70%. Caso o Brasil investisse perto disso, a tarifa de R$ 3,50 cairia para R$ 1,40”, explicou.
Fonte e foto: Brasil de Fato

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Pular para o conteúdo