Nem toda cidade tem terminal rodoviário. Nem toda rodoviária tem o mínimo estabelecido para ser chamada de tal. Algumas tão precárias em infraestrutura que só são assim chamadas porque ali ainda param ônibus. Estão marcadas mais pela sujeira e fedentina do que pelo trânsito dos coletivos de passageiros.
Em Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, a primeira sensação ao desembarcar vem do mau cheiro exalado dos banheiros e sua paredes externas. Nada muito diferente do constatado nos ônibus da Viação São Benedito que ali chegam.
Sobretudo nos fins de semana, com maior fluxo de passageiros, os usuários reclamam do fedor porque, segundo funcionários que pediram para não ser identificados, nem sempre há limpeza no fim da noite anterior para a primeira viagem a ser realizada no dia seguinte. A São Benedito é campeã de reclamações no Detran. Uma delas é a ausência de banheiro em viagens com mais de 200 km.
Nos lugares, o mau estado de conservação é mais comum que pontual. Durante a viagem de ônibus e vans pelo Ceará, visitamos 16 terminais rodoviários, de um total de 62 em todo o Estado – média de um para cada três municípios. Nem Canindé, no Sertão Central, escapa ao descaso. Mesmo sendo o segundo maior destino de peregrinação religiosa do Ceará e um dos principais do Nordeste. Estima-se que a cidade receba, por ano, quase dois milhões de visitantes, mas é insalubre o Terminal Rodoviário Prefeito Joaquim Magalhães Filho.
A sala onde funcionaria o posto policial é trancada com um cadeado em improviso de fechadura, deixando a porta semiaberta. Para a instalação das ‘rodoviárias’, são considerados aspectos como a demanda de usuários e as condições viárias (acesso às rodovias) e de segurança. No entanto, uma vez inauguradas, não há garantias de que as exigências serão cumpridas. Tampouco tem havido sanção para os que não as cumprem. Em julho de 2015, parte do teto do Terminal Rodoviário Ricardo Rodrigues, no município de Pacatuba, desabou sobre um carro, sem feridos; em março ainda do ano passado, o Ministério Público do Estado moveu ação civil pública contra a Prefeitura Municipal de Aracati, no Litoral Leste, após o desabamento de uma das colunas de sustentação.
Um engenheiro contratado pela Prefeitura recomendou reforma urgente, pois, além das colunas com desprendimento, o teto tem ferrugem em várias partes. E se dependesse do Corpo de Bombeiros, que também esteve no local, o estabelecimento não funcionária pela impossibilidade de se emitir um alvará.
“Nenhum órgão com o mínimo de bom senso pode ter a irresponsabilidade de autorizar uma situação dessas”, reclamou o servidor aposentado Matias Bessa.
Como as medidas solicitadas não foram feitas, a Justiça determinou, em 15 janeiro de 2016, a interdição do local. Só então, uma reforma parcial foi feita. Aracati é a principal cidade do Litoral Leste e onde fica um dos maiores polos turísticos do País: a praia de Canoa Quebrada.
Com informações: Diário do Nordeste
Via Fortalbus