Tecnologias podem reconquistar usuários para o transporte público

Autor desconhecido
Tecnologia e inovação são importantes aliados para facilitar o acesso ao transporte público. Além disso, podem ser fundamentais para que os ônibus urbanos reconquistem os passageiros que, ano a ano, substituem as viagens cotidianas em coletivos por outros modos de transporte. Segundo a NTU(Associação Nacional de Transportes Urbanos), somente entre 2014 e 2015, a retração na demanda foi de 9%. Se utilizados de forma estratégica, sistemas modernos de gestão e rastreamento de frota são capazes de impactar em melhorias, redução de custos e ganho de segurança no serviço.

Segundo o especialista em consultoria empresarial para projetos de estratégia da empresa Play Intellectual Capital, Romulo Perini, o mundo segue a tendência da chamada internet das coisas, uma revolução tecnológica à qual o transporte deverá estar cada vez mais adaptado. O conceito se refere à conexão de objetos da vida real à rede mundial de computadores, que muda a forma como as pessoas interagem com itens e com serviços do dia-a-dia, permitindo o controle por meio de dispositivos móveis, a exemplo de tablets e celulares. “Isso vem para ajudar tanto a empresa como o usuário”, diz. Por exemplo, por meio de sensores torna-se possível obter informações, em tempo real, que são relevantes para a gestão do serviço, do veículo e fornecimento de informação aos usuários.
O coordenador do Ceftru (Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes) da Universidade de Brasília, professor Pastor Willy Gonzales Taco, salienta que o perfil dos passageiros vem mudando e os operadores do serviço devem estar atentos às novas exigências. Na opinião do pesquisador, conectividade e informação estão entre os requisitos para que o usuário consiga planejar melhor as viagens diárias. “Por exemplo, quando estou no ponto de parada ou na minha casa, acesso meu celular e eu sei a que horas vai passar um ônibus por perto. Então eu não preciso esperar 20, 30 minutos no ponto de parada. Quando chega o ônibus, eu já sei onde integrar, quanto tempo vou levar, as condições do veículo. Isso é um atrativo, dá mais confiabilidade, segurança e conforto”, diz.
Conforme o presidente-executivo da NTU, Otávio Vieira da Cunha, essa é uma preocupação das empresas e muitas já direcionam investimentos com esse fim. “Já tem diversas cidades adotando tecnologias que permitem você interagir com o usuário por meio da informação. Isso se traduz em um grau maior de satisfação”.
Benefícios para usuários e operadores
Esse tipo de serviço já está disponível em diversas cidades do mundo. Entre os aplicativos que permitem ao usuário planejar as rotas e definir os modos de transporte de acordo com a necessidade de momento estão o Moovit, o CittaMobi e o CityMapper. Mas ferramentas assim dependem da disponibilidade de informações em tempo real sobre o sistema de transporte urbano, de forma compartilhada e integrada. Como essa ainda não é a realidade da maioria das cidades brasileiras, são tecnologias ainda incipientes no Brasil.
Segundo Devanir Magrini, diretor de Negócios da Transdata Smart, empresa que desenvolve esse tipo de solução tecnológica, quando sistemas de rastreamento de frota e monitoramento de dados são implementados, há benefícios para passageiros e operadores. “Um sistema de rastreamento e de gestão de frota cria uma sinergia entre as necessidades do usuário, que busca cada vez mais um transporte com conforto, usabilidade e praticidade, e as do empresário, que busca uma gestão melhor da própria frota, de cada linha e região”, diz.
Assim, por um lado o passageiro pode acessar mais informações sobre o serviço; por outro, as empresas conseguem definir medidas para reduzir custos e aumentar a segurança. Isso porque as tecnologias permitem saber, por exemplo, a forma como o motorista está conduzidno o ônibus ou mesmo condições mecânicas do veículo. A partir disso, as empresas identificam medidas que podem ser implementadas a fim de obter resultados mais satisfatórios, como treinamento do pessoal ou manutenções preventivas.
Conectividade e transporte: desafios
Além de ampliar o uso de sistemas inteligentes no gerenciamento da frota e do serviço de transporte, é preciso, também, garantir que todos os usuários tenham acesso às informações. É o que destaca Romulo Perini: “se, por um lado, o Brasil tem um parque de 75 milhões de smartphones, a população é de 200 milhões. Então, deve-se pensar em como entregar essa informação para modelos de celular mais básicos ou mesmo para quem não tem pacote de dados de internet”. Ele cita, como exemplo, Londres, no Reino Unido, onde os usuários podem enviar uma mensagem de texto de celular para uma central, a fim de receber informações sobre o ônibus que deseja pegar. E é por meio de SMS que recebem a resposta.
Outro aspecto é que os coletivos deverão oferecer sinal de internet liberado para os passageiros, a fim de permitir conexão à internet, para que se acesse conteúdos diversos durante a viagem, a fim de torna-la mais proveitosa. A ideia é que, assim, durante os percursos, os passageiros possam acessar conteúdos diversos e tornar o tempo das viagens cada vez mais proveitoso.
Fonte: Agência CNT de transportes

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