As fabricantes de carrocerias de ônibus do País tiveram, em 2016, o pior nível de produção dos anos 2000. O setor, que tem 50% da produção concentrada no Rio Grande do Sul, montou 14.111 unidades no ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Ônibus (Fabus).
O resultado ficou 18% abaixo de 2015, quando os fabricantes produziram 17.157 unidades. É o quinto balanço seguido com variação negativa. Em 2011 o setor atingiu o auge de produção, com 35.531 carrocerias. A diferença entre os dois limites é de quase 60%, ou seja, 21.420 unidades.
Em 2016, foram exportados 4.242 ônibus, representando 30% da produção, em alta de 11%. Desde 2009, as indústrias não conseguem avançar muito os embarques. De 2000 até 2008, os números oscilaram na média de 6 mil, chegando ao auge de quase 8 mil em 2005 e 2004. No melhor ano do setor, em 2011, as exportações responderam por 11% da produção.
As sucessivas quedas nos últimos cinco anos, em especial a de 2015 na comparação com 2014, na ordem de quase 40%, foram determinantes para uma série de mudanças no setor, em especial no Rio Grande do Sul. A Marcopolo, líder do setor com 36% de participação no ano passado, adotou sistema de flexibilização de jornada, com redução de horas trabalhadas para compensação futura nas unidades de Caxias do Sul, e licenças para os trabalhadores de Duque de Caxias (RJ), além de reduzir os quadros. A marca produziu 5.143 unidades, queda de 27%. Em Caxias do Sul, os números ficaram muito próximos de 4,3 mil ônibus, com diferença negativa de apenas 3%.
Como forma de compensar as fortes perdas internas, a empresa investiu em ações para elevar as exportações. O volume somou 2.195 unidades, a quase totalidade produzida em Caxias do Sul, representando 51% do total nacional, em alta de 42% sobre 2015. A organização alienou parte do investimento que tem na canadense New Flyer Industries, gerando entrada de caixa de R$ 339,9 milhões no ano passado, e assumiu integralmente o controle acionário da San Marino/Neobus, também sediada em Caxias do Sul. A Neobus apurou produção de 1.519 veículos no ano passado, recuo de 22%.
Outra fabricante gaúcha, a Comil totalizou a produção de 1.235 unidades, com variação negativa de 42% sobre o ano de 2015. Dentre as medidas adotadas para fazer frente à crise, a empresa fechou a unidade que tinha construído em Lorena (SP), que exigiu aporte na casa de R$ 100 milhões; paralisou por tempo determinado a produção em Erechim, requereu recuperação judicial e reduziu drasticamente o número de trabalhadores – só em setembro passado foram dispensados 850.
Para 2017, o setor projeta uma leve retomada, apesar de o quadro de incertezas políticas ainda impedir otimismo mais consistente. Um dos avanços é o projeto do governo para estimular a compra de 9 mil veículos urbanos por meio da liberação de R$ 3 bilhões em financiamentos pela Caixa Federal. As indústrias também esperam que as operadoras do transporte rodoviário interestadual e internacional invistam na compra de 2,5 mil unidades em razão das alterações nas regras de exploração das linhas, agora na forma de regime de autorização e não mais de concessão.
Produção de ônibus (em unidades)
2016 – 14.111
2015 – 17.157
2014 – 27.967
2013 – 32.693
2012 – 32.548
2011 – 35.531
2010 – 32.598
2009 – 24.893
2008 – 31.531
2007 – 28.239
2006 – 24.478
2005 – 22.231
2004 – 21.681
2003 – 18.891
2002 – 15.103
2001 – 16.844
2000 – 17.001