Ônibus simplificados buscam reduzir o custo operacional em meio a crise do setor

Crise política, crise econômica, crise no setor de transportes. Os sucessivos reajustes de insumos como óleo diesel e pneus, congelamento de tarifas e a crescente queda no número de passageiros transportados tem levado empresas de transporte urbano em todo o Brasil a questionar a rentabilidade e em alguns casos, até mesmo a viabilidade do negócio. O valor operacional tem peso fundamental nesse cenário. Pensando assim fabricantes como a Marcopolo já desenvolvem modelos simplificados com foco na redução do custo e tempo de manutenção.

A reposição de componentes como lanternas traseiras tem peso em operações como o BRT/Move de Belo Horizonte. O custo superior em R$ 2 mil para cada jogo integral de luzes no mercado de reposição levou empresas concessionárias a substituir o componente original do Caio Millenium BRT por conjuntos caseiros de luzes sobressalentes. Os setores de design e engenharia da Caio Induscar dizem observar a demanda com atenção e pretendem implantar novas soluções na próxima geração de ônibus urbanos.

A solução encontrada pela Marcopolo é, literalmente, uma versão simplificada do urbano Torino. Chamada de Torino S (do italiano Soluzione), adota um conjunto de 15 evoluções e involuções com o objetivo de economizar o custo de entrega, reparo e troca de peças na operação. O novo modelo perdeu, por exemplo, o conjunto de luzes de LEDs a favor de lentes circulares intercambiáveis, mas recebeu a grade interna de ar-condicionado removível da família de ônibus rodoviários Geração 7. Os cinco chassis disponíveis (Mercedes-Benz OF-1519, OF-1721, OF-1721L e MAN VW 15.190 OD e 17.230 OD) respondem por mais de 80% do mercado de urbanos no Brasil.

“Lançamos o novo Torino (conhecido como Torino G7 ou Torino 2014) no auge do mercado, em 2013. Desde então o mercado caiu 70%. Como manter?”, questiona o diretor de operações comerciais e marketing da Marcopolo, Paulo Corso.

O Torino S custa o mesmo que o modelo já a venda no mercado, mas a empresa multinacional espera que a economia estimada de 5% a 10% na operação seja um fator decisivo na escolha dos frotistas pelo modelo. O tempo previsto entre a encomenda e a entrega da carroceria é de 30 dias – metade do habitual. Uma linha de produção foi especialmente criada para a versão na fábrica de Xerém, na Baixada Fluminense. A família Torino permanece no mercado, incluindo as configurações articulado, piso-baixo e motor traseiro, nos mais variados chassis.


“O transporte urbano no Brasil está um caos. Tarifas congeladas por prefeitos, contratos de operação vencendo. Há muita inadimplência e dificuldade para as empresas obterem crédito. O empresário precisa de um produto mais rápido na manutenção e que pare menos na garagem. As empresas amargam dificuldades com tarifa e rentabilidade”, explica Corso.


Mercado de urbanos: No primeiro trimestre de 2017 a Marcopolo vendeu 30% menos ônibus urbanos comparado ao mesmo período de 2016. Xerém chegou a produzir 28 unidades/dia (capacidade de 30). Hoje fabrica sete ônibus a cada 24h. Na Caio, em Botucatu, a queda é menos expressiva e se reflete no ritmo de produção: com capacidade para 40 unidades/dia, a fábrica mantém uma média de 28 ônibus produzidos/dia.

O maior volume de mercado da Marcopolo, contudo, é no segmento rodoviário, com 56% de participação, contra 18% no urbano – especialidade da Caio, que pretende alçar lugar ao sol com a compra da Busscar.


15 principais mudanças do Marcopolo Torino S:

-Aro de roda em borracha
-Cinco opções de chassi Mercedes-Benz e MAN VW de 11,2m de comprimento a 13,2m
-Duto de ar estendido até o painel frontal
-Espelhos retrovisores convencionais
-Faróis e lanternas circulares intercambiáveis
-Grade de ar-condicionado removível (tecnologia herdada do G7)
-Limpador de para-brisa convencional
-Suporte de bateria
-Para-choque traseiro dividido em três partes
-Placa traseira deslocada do para-choque para a traseira
-Posto do motorista com largura ampliada em 60mm
-Saias laterais retas
-Teclas convencionais no painel (sem tecnologia sensível ao toque)
-Tomadas de ar de teto com novo formato e sistema de fixação e vedação
-Vidros laterais padronizados do mesmo tamanho

Por Bruno Freitas

Fotos: Divulgação

Via Fortalbus

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