Levantamento feito pela empresa Trampolim da Vitória, responsável pela linha “B”, alvo de assalto que resultou na morte da técnica em enfermagem Verônica Oliveira de Brito, mostra o aumento desses crimes a partir da permissão judicial para os estudantes pagarem meia-passagem em dinheiro, em agosto de 2014. O relatório, que registra os números a partir de 2013, aponta aumento de 47,31% nos assaltos entre os anos de 2014 e 2016, quando as ocorrências passaram de 93 assaltos para 137.
De acordo com Gino Costa, diretor administrativo da Trampolim da Vitória, este ano, 48 assaltos foram registrados nas 16 linhas da empresa que operam nas cidades de Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo, na região metropolitana de Natal. Esse número é menor em relação ao período de janeiro a junho de 2016, que teve 69 ocorrências. Ele cita como anos mais críticos os de 2015 e 2016, quando ocorreram, 167 e 137, respectivamente.
Gino Costa também afirma que 85% dos assaltos tem como alvo o caixa do ônibus e são rápidos, com duração média de 30 segundos. Com a permissão de meia-passagem em espécie, mais dinheiro passou a ficar no caixa do ônibus, o que aumentou a atenção dos criminosos. “A utilização da bilhetagem eletrônica diminuiria esse número porque a quantidade de dinheiro embarcada no ônibus seria menor. É uma ferramenta simples que existe há mais de 20 anos, mas nem todos os passageiros utilizam”, afirma. A minoria dos crimes são arrastões, onde os passageiros também são alvos – como é o caso do assalto que aconteceu na manhã de ontem. Não estão especificadas no relatório quais linhas e em quais os horários os assaltos são mais frequentes.
De acordo com o levantamento da empresa, 52% dos usuários realizam, atualmente, pagamento em espécie – já somados inteira e meia passagem. Os 48% restantes são de bilhetagem eletrônica. “Historicamente, quanto menos dinheiro nos ônibus, menos assaltos acontecem. Antes, nossa média era de 60% dos usuários que pagavam a passagem com a bilhetagem eletrônica e 40% em dinheiro. Hoje, houve uma inversão, principalmente após a decisão da Justiça que obrigou as empresas intermunicipais a aceitarem dinheiro embarcado para o pagamento de meia passagem”, explica o diretor.
Com as obras realizadas em frente ao IFRN de Parnamirim, condutores precisam, agora, realizar o retorno para Natal próximo à comunidade Taborda, no limite entre Parnamirim e São José de Mipibu, região onde aconteceu o assalto na manhã de ontem (21). Segundo Gino Costa, com o incremento de linhas que passaram a trafegar na região para acessarem o retorno, somado à circulação de dinheiro embarcado, os criminosos se sentiram atraídos.
“Naquela região passavam apenas as linhas para São José de Mipibu, que não tinham tantos problemas em relação a assaltos. Com as obras em frente ao retorno do IFRN, linhas como B, B1, F1, C e V, por exemplo, contribuíram para aumentar o fluxo de ônibus naquele local, o que parece despertar o interesse dos assaltantes”, afirma o diretor.
Memória
Em agosto de 2014, na mesma região do assalto ocorrido na manhã de quinta-feira (21), um motorista da linha São José de Mipibu/Natal foi morto durante assalto ao coletivo em que trabalhava, quando passava próximo ao IFRN de Parnamirim. Dois criminosos se passaram por passageiros e anunciaram o assalto no ônibus conduzido por Francisco Izaque de Faria, 37 anos, que foi baleado na perna mesmo sem ter reagido ao assalto. A dupla conseguiu fugir levando os pertences dos passageiros. A vítima não resistiu ao ferimento e morreu antes de receber os primeiros socorros.
Fonte: Tribuna do Norte