ENTREVISTA: Busscar e Caio poderão ter sinergia no mercado de ônibus

As encarroçadoras de ônibus Caio, de Botucatu, e Busscar, de Joinville, poderão atuar em sinergia, trocando informações, conhecimentos, estruturas de distribuição e tecnologia, no mercado de transportes. A possibilidade ainda está sendo analisada e poderá ser implantada gradativamente, de acordo com o diretor Industrial da Caio Induscar e um dos investidores da Busscar, Maurício Lourenço da Cunha, em entrevista ao Diário do Transporte.

O executivo ressalta novamente que a Caio e a Busscar são empresas independentes e que não foi a Caio que comprou a Busscar. A compra, segundo Maurício, foi feita por um grupo de investidores, dentre os quais, sócios da Caio.
O negócio, de R$ 67,15 milhões, recebeu a homologação do juiz da 5ª Vara Cível de Joinville, Valter Santin Júnior, no dia 21 de março de 2017.
A negociação, segundo o diretor Industrial da Caio e sócio da Busscar, não envolveu a empresa Busscar e sim a marca, equipamentos, projetos e parques fabris. Sendo assim, a encarroçadora paulista não assumiu as dívidas trabalhistas, bancárias, fiscais e com fornecedores do antigo grupo proprietário.
A Busscar teve a falência decretada pela primeira vez pela Justiça em 2012. A família Nielson recorreu em 2013, conseguiu anular a falência, mas no mesmo ano, o recurso foi derrubado e o processo falimentar foi confirmado.
Foram várias tentativas de leilão da Busscar, três somente em 2016. Todas esvaziadas. A cada uma delas, o valor caía.
Na primeira tentativa, parques fabris, equipamentos e projetos foram avaliados em R$ 369.305.922,65 (trezentos e sessenta e nove milhões, trezentos e cinco mil, novecentos e vinte e dois reais e sessenta e cinco centavos).
Maurício disse ainda ao Diário do Transporte que a empresa continua recebendo currículos de interessados pelo e-mail: currí[email protected] para contratações de funcionários
O executivo ainda afirmou que o grupo investidor não tem participação na Busscar da Colômbia, que é uma empresa diferente.
Confira a íntegra da entrevista:
  • O grupo vai usar a marca Busscar nos produtos?

Sim, a marca BUSSCAR será mantida.
  • Serão feitos apenas ônibus rodoviários ou, mesmo a Caio sendo forte no segmento de urbanos, em Joinville serão produzidos também urbanos. Haverá produção de modelos especiais, como carrocerias para trólebus e outros ônibus de tecnologia alternativa ao diesel?

Serão produzidos ônibus para aplicação rodoviária, de fretamento e de turismo
  • Serão aproveitados projetos da Busscar, como o Panorâmico DD (dois andares) e as linhas JumBuss, VisstaBuss e El Buss, ou nascerão modelos totalmente novos?

Os projetos e design estão sendo analisados.
  • Os modelos Giro e Solar como ficam diante do negócio?

Como estamos em fase de análise, é prematura qualquer definição a respeito do portfólio de produtos.
  • Quanto o grupo de novos proprietários da Busscar pretende investir para atualizar plantas e equipamentos a fim de começar produzir?

De início, os investimentos a serem feitos pelos investidores serão na ordem de R$ 100 milhões, destinados para a retomada das atividades fabris etc.
  • Quantos funcionários devem ser contratados e como será a forma de contratação? Os ex-funcionários da Busscar terão preferência?

A nossa preferência será a contratação de ex-funcionários da Busscar. Os currículos estão sendo captados via e-mail (currí[email protected]).
  • O mercado externo também será foco das novas operações?

Sim.
  • O grupo de investidores assumiu as dívidas da Busscar, como trabalhistas, com banco e fornecedores?

Primeiramente, muitos veículos de comunicação estão divulgando que a aquisição foi feita pela Caio Induscar, e essa afirmação é errada. Reafirmamos que foi um grupo de investidores, dentre eles sócios do Grupo Caio Induscar, que adquiriu a marca Busscar, equipamentos, projetos e parques fabris.
Não foi assumida a empresa, portanto, nenhuma das dívidas citadas. O pagamento das dívidas da Busscar será realizado em juízo pela massa falida da BUSSCAR, mediante análise e autorização da 5ª Vara Cível de Joinville, que é responsável pelo uso dos recursos financeiros oriundos do pagamento das parcelas desta compra e de tantos outros ativos anteriormente vendidos.
  • E a Busscar Colômbia? Os sócios da Caio também adquiriram as ações que pertenciam à Busscar do Brasil na Colômbia?

Não. O leilão da participação da Busscar Brasil na Busscar Colômbia aconteceu há mais de dois anos e continuará funcionando como empresa independente.
  • Apesar de a Caio e a Busscar serem empresas diferentes, haverá sinergia na atuação de ambas, trocas de tecnologia, aproveitamento de estrutura de vendas, logística, etc.

As sinergias possíveis e vantajosas serão analisadas e implantadas gradativamente.

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