Com obras paralisadas, Reta Tabajara se torna alvo de bandidos

O trecho que compreende a BR-304, na Reta Tabajara, se tornou uma verdadeira armadilha para quem trafega no local. Fatores como pistas estreitas, falta de acostamento e pelo menos 15 lombadas sequenciadas contribuem para a insegurança relatada por pessoas que foram vítimas de assalto ou de pessoas que trafegam todos os dias no local e temem passar por ações de criminosos. A Polícia Rodoviária Federal, que tem um posto a menos de 1 quilômetro do local reconhece a insegurança e diz estar fazendo operações que inibam as ações dos bandidos.
Foto: Magnus Nascimento/Tribuna do Norte


As lombadas foram colocadas para a realização da obra de duplicação da Reta Tabajara, que está com os serviços paralisados desde 25 de abril deste ano em função de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). A superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), no Rio Grande do Norte disse que não há previsão para a retomada dos trabalhos no local.

Segundo o inspetor Roberto Cabral, da PRF, os relatos de assalto no trecho das lombadas se tornaram frequentes. Cabral disse que no carnaval, em fevereiro, a PRF comunicou oficialmente ao Dnit da necessidade de readequação das lombadas, para que fossem retiradas algumas. “Os assaltos naquele trecho são crimes difíceis de impedir. Fazemos rondas constantes, mas não temos como colocar viaturas por 24h nos locais. Estamos aguardando uma resposta do Dnit”, disse Cabral.
Na noite de segunda (17), cinco pessoas da mesma família, que vinham de Fortaleza (CE) em direção à Natal foram alvo da ação dos bandidos no trecho em questão. Por volta das 21h15, um carro preto com dois homens abordaram as pessoas, que estavam em um carro modelo Hilux, de cor prata. Segundo o relato das vítimas os homens estavam estacionados próximo ao trecho das lombadas. Uma arma foi colocada na cabeça da criança que estava na cadeirinha no banco de passageiros. Foram roubados cerca de R$ 300 mil em cheque, celulares, dinheiro em espécie e pertences pessoais. Após o crime, eles foram até um posto de gasolina nas imediações e conseguiram carona até Natal.
O relato de ações criminosas se repetem toda semana, de acordo com o gerente de um posto de gasolina próximo às obras da Reta Tabajara, Eduardo Oliveira. Ele reclamou da insegurança e pediu que as lombadas fossem retiradas para que o trânsito fluísse melhor. “A bandidagem está demais aqui, todos os dias escutamos muitas reclamações das pessoas que passam para abastecer. Quando está de noite principalmente. Ou o Dnit continua essas obras ou retira essas lombadas”, cobrou.
Moradora do município de Riachuelo, distante 71 km de Natal, a dona de casa Edinilda Pinheiro, de 47 anos, lamenta todas as vezes que precisa vir a Natal e passar pela Reta Tabajara. Ontem ela veio à capital para fazer exames médicos. “Não passo aqui com muita frequência, mas as vezes que eu passo é muito ruim. Se estiver em horário de pico o trânsito fica parado por horas. Também tenho muito medo do trecho das lombadas, tenho muito medo de assalto, é inseguro demais”, reclamou a motorista.
Obra não tem previsão de retomada
Há quase três meses, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) paralisou as obras de duplicação da rodovia federal BR-304, no trecho entre o viaduto Trampolim da Vitória, em Parnamirim, e o entrocamento com a rodovia BR-226, que liga a Natal à região do Seridó – trecho conhecido por Reta Tabajara. Na manhã de ontem, a situação constatada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE era de deterioração dos materiais comprados para a obra, que permanecem expostos à céu aberto e processo de erosão principalmente nos locais onde foi feita a terraplanagem.
Foto: Magnus Nascimento/Tribuna do Norte
Placas de concreto e ferro minguam o abandono. Sem uso, a condição do material vai se tornando danificada. Os bancos de areia colocados onde seriam os viadutos estão desmoronando. Aos poucos é possível constatar a terra cedendo, muito provavelmente por causa do período de inverno com chuvas intensas o Estado.
O superintendente regional em exercício do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Willy Saldanha, filho, explicou à época que em casos como esse, em que há vistoria dos técnicos do TCU, “ocorre a suspensão cautelar e automática das obras”, até que o Corpo Técnico da Corte de Contas conclua as análises sobre o andamento das obras de duplicação da BR-304, no trecho de 27 quilômetros da chamada “Reta Tabajara”, que está a cargo da empresa Ivai Construtora de Obras.
O Dnit estima um prejuízo mensal de R$ 1 milhão com a paralisação das obras. “Isso porque envolve mobilização e desmobilização de recursos humanos, material e de equipamentos, além de empregos diretos e indiretos, afora o reajuste de preços de serviços, que é feito anualmente. Também ocorre a perda de alguma coisa de serviços já executados, que tem de ser refeito, como refazer a terraplenagem por causa de erosão provocadas por chuvas”, explicou o Willy Saldanha Filho à época. Fora o fato de que o cronograma de conclusão da obra, que tem término previsto para dezembro de 2018, pode acabar prolongando o prazo de término das obras por causa de interferências.
As obras envolvem investimentos da ordem de R$ 237 milhões, sendo 16 quilômetros de duplicação, propriamente dita, construção de cinco vias elevadas, duas passarelas para travessia de pedestres e ciclovia. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato com a superintendência do Dnit no Rio Grande do Norte, mas foi informada que o responsável, Willy Saldanha, não poderia dar entrevistas na manhã de ontem. O Tribunal de Contas da União (TCU) também foi procurado, mas não deu resposta até o fechamento desta edição.
Tribuna do Norte

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