A Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, no trecho que liga os bairros de Ipanema à Barra da Tijuca, foi apresentada aos cariocas como um dos principais legados da Olimpíada. O trecho entre o Leblon e a Barra, entregue às pressas em setembro de 2016, foi lançado com a estimativa de demanda de 300 mil passageiros/dia. Passado um ano o sistema mostra realidade distinta: apenas a metade da previsão inicial se cumpriu.
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Este é o quadro atual da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro, cuja construção consumiu mais de R$ 10 bilhões e foi projetada com seis estações. Atualmente cinco estão operando: Jardim Oceânico (Barra da Tijuca), São Conrado, Antero de Quental, Jardim de Alah e Nossa Senhora da Paz (Ipanema). Falta a estação Gávea, cujo custo da obra é estimado em R$ 500 milhões, e até agora não saiu do papel (leia abaixo).
A Secretaria estadual de Transportes e a concessionária Metrô Rio pensam agora em como atrair mais viajantes para a Linha 4. A começar do principal obstáculo: o valor da tarifa. Esta situação é recorrente. Em abril, como noticiamos, a Linha 4 resolveu oferecer viagens grátis para quem embarcasse no trecho que liga Ipanema à Barra.
Sem possibilidade de redução de valores – o que implica em subsídio governamental, algo impossível hoje no Rio de Janeiro – qualquer promoção fica inviável. Desde a abertura da Linha 4 a concessionária Metrô Rio e o BRT passaram a oferecer desconto aos passageiros que usam de forma integrada os dois transportes. Mas o preço não ajuda.
Pela promoção, ao invés de pagar a tarifa dos dois modais – R$ 4,30 do metrô mais R$ 3,80 do BRT -, o usuário paga R$ 7, um pequeno desconto de R$ 1,10. Essa tarifa de integração não animou o carioca, que prefere usar linhas de ônibus que fazem o mesmo trajeto ao custo de uma tarifa, R$ 3,80, o que redunda numa economia de R$ 3,20.
Apesar do metrô ser mais rápido, cerca de 15 minutos, em tempo de crise a economia de dinheiro fala mais alto que a economia de tempo.
Sem subsídio, a Secretaria estadual de Transporte informou estuda integrar outros modais com a Linha 4 como forma de atrair mais passageiros.
OBRAS DE CONCLUSÃO DA LINHA 4 ESTÃO PARALISADAS APÓS DETERMINAÇÃO DO TCE-RJ:
As obras completas da Linha, previstas para julho de 2016, tiveram o prazo prorrogado duas vezes: primeiro para dezembro passado, na sequência para o primeiro semestre de 2017, e por fim para janeiro de 2018.
Convivendo com o estado de crise que o Rio de Janeiro experimenta, o complemento das obras da Linha 4 está paralisado, sem previsão de retomada, após decisão do Tribunal de Contas do Estado.
O TCE mandou sustar os pagamentos para o consórcio responsável por indícios de superfaturamento e sobre-preço. O rombo pode ser de R$ 2,3 bilhões, estima o Tribunal. Como integrantes do consórcio estão empresas todas elas citadas na Operação Lava Jato: Odebrecht, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia.
A obra da Linha 4, com uma curta história de polêmica e desconfiança, começou pelo custo previsto, que saltou de R$ 5 bilhões para R$ 9,7 bilhões.
Diário do Transporte