Teletrabalho: no DF, 500 servidores dão expediente de casa

O teletrabalho – ou home office – já é uma realidade no Brasil. Segundo um levantamento feito pela SAP Consultoria com 300 empresas de diversos setores em todo o país, 37% já adotam a prática de permitir que funcionários deem expediente em casa. O estudo afirma que a maioria das empresas percebe o aumento da satisfação e do engajamento dos colaboradores e considera que o método é uma forma de enfrentar a crise econômica.
A técnica em trânsito Aline Gonçalves é uma das quatro servidoras do Detran-DF que trabalham em regime de home office
Foto: Ricardo Botelho

Se engana, no entanto, quem pensa que a modalidade só existe na iniciativa privada. No DF, cerca de 500 servidores públicos aderiram ao modelo. Órgãos como a Procuradoria Geral da República (PGR), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) e o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) são exemplos de locais que estimulam a prática. E a tendência é de ampliação do programa em toda a administração pública. Segundo os empregadores, além de motivar o colaborador, o sistema diminui custos e aumenta a produtividade.
Na administração local, apenas um órgão permite hoje que servidores trabalhem de casa: o Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF). A medida foi inserida em janeiro deste ano por meio de projeto-piloto. Atualmente, quatro funcionários realizam suas atividades em home office.
Um deles, é a técnica de trânsito Aline Gonçalves, de 30 anos, que ingressou no Detran-DF em 2013 e aderiu ao teletrabalho em julho deste ano. A função da servidora é analisar recursos de motoristas que cometeram infrações de trânsito. Ela assegura que o serviço pode ser feito até melhor de casa.
“Atualmente, trabalho cerca de cinco horas por dia e consigo bater todas as minhas metas, que são ainda maiores em relação ao período em que estava no espaço físico do Detran-DF”, afirma Aline.
A servidora diz que não tem nenhum arrependimento quanto à mudança. “O home office traz muitos benefícios. Você não fica preso a horários específicos todos os dias, trabalha quando achar melhor e de acordo com a rotina. Tem, ainda, a economia de não gastar combustível nem pegar trânsito. Isso é muito confortável. Até para os cofres públicos fica mais barato, já que a gente gasta menos”, finaliza.
De acordo com o Detran-DF, somente servidores da Gerência de Registro e Controle de Penalidade estão autorizados a participar do teletrabalho, principalmente por conta do grande acúmulo de processos na área. A restrição também está relacionada ao fato de o home office só ser permitido em atividades que possam ser realizadas a distância.
Quem adere a essa modalidade tem metas de desempenho 15% superiores àqueles que atuam no espaço físico do órgão. Segundo o Detran-DF, há expectativa de que mais três pessoas sejam incluídas no programa nos próximos dias.
Já de acordo com o GDF, “o trabalho em regime de home office é um projeto-piloto aplicado a servidores do Detran e não há, até o momento, solicitações de outros órgãos para que os seus respectivos quadros funcionais também tenham acesso ao benefício”.
Judiciário e MP
Afora do Poder Executivo local, servidores do DF lotados no Judiciário e em órgãos de controle também têm direito a atuar de casa, tanto em entidades locais quanto nacionais. O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) possui cerca de 80 membros na modalidade, enquanto no Ministério Público do Trabalho no DF e Tocantins (MPT-DF/TO), 16 realizam suas atividades em home office.
Já no Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), são 138 trabalhadores que aderiram à iniciativa. Um deles, é a técnica judiciária Natália Iryoda, 34 anos, lotada no cartório de uma das varas da Corte. Servidora do tribunal há cerca de sete anos, ela participa desde o projeto-piloto, iniciado há cerca de um ano e meio. Só vai ao TJDFT uma vez por semana, para realizar atividades que precisam ser feitas fisicamente.
Natália afirma que se interessou pelo projeto devido aos benefícios de diminuição de custos e horário flexível. Para a servidora, a experiência até agora tem sido positiva, mas a modalidade já a fez trabalhar mais do que antes. “Como a gente não tem uma jornada bem definida, estamos sempre à espera de demandas. Não é como se estivesse no tribunal e pudesse me desligar de tudo assim que acabasse o expediente”, explica.
A reclamação é a mesma feita pela analista de gestão pública Regina Bueno, da Procuradoria-Geral da República. Servidora do órgão desde 2005, ela adotou o home office há dois meses para poder passar mais tempo com o filho, que tem necessidades especiais. Mas ela ainda não conseguiu se organizar para não trabalhar em excesso.
Na PGR, em Brasília, cerca de 140 pessoas aderiram ao teletrabalho. Segundo a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que regulamenta a modalidade, terão prioridade no processo de seleção servidores do Judiciário com deficiência ou filhos e cônjuges nessas condições; gestantes ou lactantes; e quem demonstrar comprometimento e habilidades de organização.
Metrópoles

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