Buracos, remendos, calombos e bueiros sem tampas são alguns obstáculos enfrentados diariamente pelos motoristas do BRT Transcarioca ao longo dos 39 quilômetros do corredor, que liga o Terminal Alvorada, na Barra, ao Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão, na Ilha. Por causa das falhas na pavimentação, os ônibus precisam fazer desvios e circular a menos de 20km/h nos trechos deteriorados. Assim, o tempo médio de deslocamento no Transcarioca já aumentou em 40%, segundo o consórcio BRT.
Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo |
Nesta quinta, três dias após a prefeitura remendar uma cratera na Rua Cândido Benício, perto da Estação Pinto Teles, em Campinho, o asfalto já estava se desfazendo. O buraco é tão profundo que deixa expostas as ferragens dos blocos de concreto da base da pista. Só no mês passado, dois carros do BRT que circulam neste corredor foram parar na oficina após sofrerem perfurações no cárter, peça que armazena o óleo do motor.
— Os buracos começaram a aparecer há uns seis meses e foram se tornando maiores ao longo do tempo. Preciso reduzir bastante a velocidade para não estragar a suspensão. O tempo de viagem fica mais longo — desabafa Eronildo José da Silva, de 34 anos, motorista do BRT desde 2013.
Na Avenida Cândido Benício, perto da Estação Tanque, um bueiro sem tampa ameaça a segurança dos passageiros. Para desviar, os motoristas reduzem a velocidade e passam raspando as rodas do ônibus no meio-fio para não cair no buraco.
— Ele está aberto há mais de um mês. Liguei várias vezes para o 1746, mas dizem que a tampa está em falta. Por isso, em vez de consertarem, colocaram uma placa metálica em cima. Com o vaivém de ônibus, a placa se move — desabafa o morador Euclides Clemente, de 48 anos.
Apesar de parte da pista ser de concreto — material apropriado para faixas exclusivas —, a prefeitura faz os consertos com asfalto, o que, segundo especialistas, é inadequado.
— O certo seria fazer a reparação definitiva com concreto — diz o professor de engenharia civil da PUC-Rio José Eugênio Leal, especialista em transportes e logística.
Os remendos podem reduzir a vida útil da pavimentação, acrescenta o engenheiro de transportes José Guerra, da Uerj.
— O piso recomposto desta forma não vai ter a mesma eficácia. O concreto custa mais caro, mas tem vida útil superior à do asfalto. Essa manutenção será, no fim, o barato que sai caro — afirma.
SERVIÇO AMEAÇADO
A Secretaria municipal de Conservação e Meio Ambiente informou que iniciou as ações de tapa-buraco no corredor Transcarioca no dia 22, como medida paliativa. O uso do asfalto, segundo o órgão, “foi por necessidade de rapidez”. E sobre a placa metálica, alegou que o bueiro pertence à concessionária BRT, que fará a reposição da tampa.
A diretora de relações institucionais do BRT, Suzy Balloussier, diz que o sistema se degrada por causa da falta de manutenção da prefeitura. Segundo ela, o serviço pode até ser interrompido no futuro caso os problemas continuem porque as empresas também estão tendo muito prejuízo com os consertos dos veículos.
O Globo