A mudança no embarque e no desembarque de passageiros nos ônibus do transporte coletivo de Fortaleza completa seis meses do início da implantação e divide opiniões entre os usuários. A entrada, antes realizada pela traseira do veículo, passou a ser feita pela porta da frente. Há ainda confusão de informações entre os passageiros. Muitos acreditam que idosos e pessoas com preferência serão obrigados a passar pela catraca e descer por trás. No entanto, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) garante que a passagem não é obrigatória para o público preferencial.
Foto: Yago Albuquerque |
A medida começou em julho passado com a adaptação de 57 veículos, divididos em 18 linhas. Atualmente, já foram contemplados 806 ônibus de 127 linhas, o que representa 35,2% dos 2.289 veículos da frota cadastrada. Conforme Miguel Guimarães, chefe da Divisão de Planejamento da Etufor, até o fim do primeiro semestre de 2018, todos os veículos serão alterados para atender o novo padrão. “Fortaleza é a única capital com a catraca na parte traseira dos ônibus. Estamos trabalhando para agilizar a alteração. Toda a frota vai ser modicada”, garante.
De acordo com Miguel Guimarães, a segurança estrutural dos veículos foi a motivação para a transferência da catraca para a dianteira e do desembarque para a traseira. Guimarães explica que o eixo traseiro do ônibus, por possuir quatro rodas, suporta mais peso que a parte da frente. “Antes, as pessoas entravam por trás e ficavam todas na frente. Ficavam muito em cima do motorista. Era um tumulto. Dificultava a visão do motorista”, afirma. Guimarães ressalta que os micro-ônibus já funcionavam com esse padrão e acredita que as pessoas devam se acostumar com o tempo.
Enquanto a alteração é ampliada, alguns usuários sentem-se confusos com a mudança e reclamam da falta de informação. “Está confuso. A gente nunca sabe se entra pela frente ou não. Acho errado obrigar os idosos a passarem a catraca”, opina a revendedora Hilda Pereira, 33. Mãe de uma menina de um ano e oito meses, Orlandete Ferreira, 28, relata que nem todos os motoristas permitem a descida dela com a filha pela porta dianteira. “Não é seguro para quem anda com criança. Sempre peço para descer pela frente. Alguns motoristas deixam, outros não”, diz.
Segurança
Por outro lado, o aposentado Júlio Siqueira, 66, garante que nunca teve problema para subir e descer pela dianteira dos ônibus adaptados ao novo padrão. “Com a mudança, fica mais espaço na frente para o motorista. Antes, ficava um tumulto na frente”, relata. Já o trocador Zilvan Barros, 52, revela que se sente mais seguro durante o trabalho por estar mais próximo ao motorista. Além disso, o trocador garante que a passagem pela catraca é opcional para idosos. Enquanto isso, a recepcionista Nilma Leandro, 49, teme que a alteração dificulte a visibilidade do motorista durante o desembarque dos passageiros. “Melhorou por um lado porque o motorista tem mais visão na subida, mas piorou, por outro, pois agora não vê a descida”, pondera.
Orientação
Sobre o embarque e o desembarque de idosos, gestantes, pessoas com deficiência e pessoas com crianças de colo, Miguel Guimarães explica que a passagem pela catraca não é obrigatória e o público preferencial pode permanecer na parte da frente do ônibus até o momento do desembarque. “O motorista, de maneira nenhuma, pode obrigar a passar pela catraca. Tem cadeiras na parte da frente do ônibus exatamente para eles sentarem”, ressalta. Guimarães pontua, ainda, que motoristas e trocadores estão sendo capacitados para aperfeiçoar o atendimento aos usuários
Diário do Nordeste