Fabiano Rocha/Agência O Globo |
Vans que rodam fora de seus itinerários licitados, veículos piratas, ônibus em péssimo estado de conservação e linhas que simplesmente desapareceram. Os usuários do transporte público já estão cansados de saber das mazelas do setor, mas nesta segunda-feira foi a vez do novo secretário municipal de Transportes, Rubens Teixeira, que assumiu o cargo na última sexta-feira, se espantar com a realidade que encontrou nas ruas. Em entrevista ao “Bom dia Rio”, da Rede Globo, ele reconheceu que o sistema de ônibus e de vans na cidade está um caos e disse que a desordem é tanta que “não há fiscalização que dê jeito no problema”. Para tentar melhorar, Teixeira prometeu cobrar a climatização total dos coletivos e cancelar licitações para linhas de vans. Mas, mesmo se conseguir reordenar o sistema, deverá enfrentar um outro desafio: a falta de fiscais nas ruas dos Rio.
— A questão é que se estabeleceu um caos no sistema, em que há linhas de ônibus faltando, vans com problemas em licitações que precisam ser canceladas. Temos que resolver o caos para que a fiscalização faça sentido — afirmou Teixeira, acrescentando que o prefeito Marcelo Crivella determinou que ele resolva as pendências ou aponte saídas num prazo de 30 dias.
A Coordenadoria de Transporte Especial Complementar, subordinada à Secretaria Especial de Ordem Pública e responsável pela fiscalização das vans, só conta com 20 agentes, divididos em dois turnos, desde que foi rompido o convênio com o estado para utilizar policiais militares no reforço das equipes. O número de vans regulamentadas, no entanto, é bem maior: são 2.070. O presidente do Sindicato dos Proprietários de Vans, Marcelo Cerqueira, estima ainda que o total seja de mais de 4 mil veículos em circulação, se forem contabilizados os piratas.
NAS RUAS, PROBLEMAS A CADA ESQUINA
Nas ruas, a desordem de vans está a cada esquina, inclusive em regiões onde a prefeitura já havia regulamentado, na gestão anterior, o sistema. Ontem, em Bonsucesso, próximo à Praça das Nações, era possível flagrar veículos competindo com os itinerários dos ônibus, trazendo inclusive os números das linhas de coletivos no para-brisa. Também havia carros circulando em trajetos diferentes dos licitados. Um deles, que deveria rodar apenas na Ilha do Governador, trafegava pelo bairro livremente. Muitas vans trafegavam com a porta aberta, desrespeitando a capacidade máxima de passageiros, que viajavam em pé, pondo em risco a própria segurança. A falta de fiscalização também permitiu que kombis do Serviço de Transporte de Passageiro Comunitário (STPC), autorizadas a circular apenas em favelas e nas suas imediações, transportassem passageiros em outras áreas.
Na Zona Sul, os moradores enfrentam outro problema: o sumiço das linhas de ônibus, a 581 (Leblon-Cosme Velho) e a 582 (Leblon-Urca), além do encurtamento da 497, que tem encerrado a viagem no Largo do Machado, em vez do Cosme Velho. Usuários já criaram grupos em redes sociais para pressionar a prefeitura e as empresas para a volta dos coletivos, que teriam deixado de circular na primeira semana de 2018.
Segundo o presidente do sindicato Rio Ônibus, Carlos Callak, a empresa responsável pelas linhas 581 e 582 faliu. O consórcio Intersul, que deveria assumir o serviço, não botou novos ônibus para atender os trajetos alegando que não houve o reajuste na tarifa previsto:
— Pretendo suprir essas linhas, mas preciso que a gente saia desse impasse tarifário com a prefeitura para que eu possa ter crédito para comprar carros e colocar no lugar.
O Globo