O ano de 2018 já inicia com uma carteira de pedidos mais robusta, contou o presidente da Marcopolo, Francisco Gomes Neto, em teleconferência com analistas e investidores realizada nesta sexta-feira. “É sinal de que a recuperação da demanda continua. O crescimento da economia brasileira e taxas de juros mais baixas contribuem [para isso]”, disse.
Para as operações internacionais, o executivo revelou que as perspectivas também são positivas, com resultados em 2018 melhores do que em 2017 para as unidades controladas e coligadas.
No programa Caminho da Escola, Gomes Neto revelou que já há sinalização de pedidos de prefeituras de ônibus escolares para os próximos meses. “Tem sim sinalização para os próximos meses de 20% do que ganhamos na licitação. Traz volume importante para as operações.”
A Marcopolo, direta ou indiretamente por meio de parcerias, venceu licitações para produção e venda de 4.400 unidades no programa.
A respeito de margens, o executivo contou que são apertadas devido a concorrência acirrada na licitação. “Mas trabalhamos para reduzir custos. A padronização da produção trará custo industrial mais reduzido”, disse.
Incêndio
A empresa ainda espera reflexos em custos, nos primeiros meses deste ano, de incêndio na fábrica de plásticos Ana Rech, da Marcopolo, em Caxias do Sul (RS) no dia 3 de setembro passado. A ocorrência teve um impacto negativo de R$ 17,7 milhões no resultado da companhia em 2017, mas os pedidos foram postergados para os últimos meses do ano e a produção retomada. “O fluxo de pedidos ainda não está adequado e terá efeitos em fevereiro e março, quando deveremos estar em nível normalizado. Os efeitos de impacto de custos serão minimizados”, disse o presidente da Marcopolo.
Gomes Neto contou que a produção foi retomada 15 dias após o acidente e, em cinco semanas, o mesmo número de unidades produzidas foi atingido. “A unidade voltou a fabricar o mesmo número de ônibus cinco semanas após o incêndio. Trabalhamos sábados seguidos, o que compensou o impacto”, disse.
China
Sobre o desvio de recursos financeiros na unidade da Marcopolo da China, a empresa informou que houve um impacto negativo de R$ 16,5 milhões no resultado de 2017. Gomes Neto afirmou que o fato foi um caso isolado e que procedimentos já foram revisados. “O incidente foi fato isolado e desagradável. Não imaginávamos que poderia acontecer, até pelo nível de controle que tínhamos. A companhia tomou todas as medidas e providências necessárias. A polícia e embaixada foram acionadas e auditoria externa imediatamente informada”, disse.
Segundo ele, os procedimentos foram revisados em todas as operações para que o caso não volte a acontecer. “O processo está com promotoria pública e não medimos esforços para recuperar a operação”, contou.
Fotos: Divulgação
Por Marcelle Gutierrez / Valor