Foto: Pedro Teixeira / extra |
Com um celular nas mãos e os olhos nos ônibus, os amigos Diego de Souza, de 22 anos, e Raphael Campos, de 24, criaram um serviço para informar aos passageiros que estão esperando no ponto se podem mesmo contar com o coletivo. Recorrendo a dados do GPS dos veículos, eles fazem o monitoramento diário das linhas dos quatro consórcios que atendem a cidade, sempre nos horários de pico, da manhã e da tarde.
— O Rio está passando por uma crise no setor de transportes. A última empresa que faliu foi a São Silvestre, no fim do ano. Em consequência disso, algumas linhas sumiram das ruas, deixando as pessoas sem saber se podem contar ou não com o ônibus. Daí veio a ideia do monitoramento — explica o auxiliar administrativo Diego de Souza, idealizador do “Cadê meu ônibus?” e morador em Tomás Coelho, na Zona Norte.
As informações sobre a quantidade de carros que está nas ruas e problemas, como longos intervalos, são disponibilizadas em dois boletins diários, de segunda a sexta-feira, publicados em tempo real na página Rio Ônibus da Depressão (https://www.facebook.com/rioonibusdadepressao2017/), administrada pelos amigos, e que tem mais de 18 mil seguidores no Facebook. No sábado e no domingo, eles soltam apenas um boletim por dia.
Como são apenas dois fazendo o monitoramento — um pela manhã e outro à tarde —, eles optam por escolher aleatoriamente duas linhas de cada consórcio por período. A preferência é pelas que fazem itinerários mais longos e transportam mais passageiros. Paralelamente, acompanham os comentários dos usuários e, se alguém quiser informação de uma linha não contemplada pela dupla, é só informar por ali que eles passam os dados sobre ela.
— Nesses casos, é possível passar uma informação mais personalizada. As do boletim são mais genéricas — diz o técnico de informática Raphael Campos, morador de Santa Cruz.
Motivo do atraso é informado
Nos boletins, os passageiros conseguem se informar, por exemplo, se há buraco (atraso) e em que sentido da linha. Também ficam sabendo se a demora foi provocada por acidente, engarrafamento, problema mecânico no veículo ou por mudança de itinerário devido a tiroteios na cidade.
— Na terça-feira, houve uma mudança de itinerários nas linhas que passam pela Grajaú-Jacarepaguá, por causa da operação das forças de segurança no Complexo do Lins e conseguimos avisar aos nossos seguidores — contou Diego.
A principal dificuldade para fazer o monitoramento é que, embora seja obrigatório, nem todas todas linhas têm GPS em todos os seus carros. O problema, segundo os amigos, é maior na Zona Oeste, dizem os administradores da página.
— Nosso objetivo é oferecer uma informação de maneira simplificada para os passageiros que não conhecem bem a utilização dos diversos aplicativos — afirma Raphael.
Segundo a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), não há um aplicativo oficial com serviço semelhante ao oferecido por Diego e Rafael. A SMTR afirma ainda que “o GPS é item obrigatório de acordo com o contrato estabelecido, inclusive, é exigido na vistoria para o cadastro do veículo. Ou seja, veículos sem GPS não são cadastrados na SMTR”. O Rio Ônibus, sindicato que representa as empresas, diz que todos os veículos têm GPS, mas que pode “ocorrer instabilidade na transmissão de dados em áreas de sombra ou ausência de sinal”.
Problemas mecânicos e frota reduzida
Os longos intervalos são provocados muitas vezes pela pouca oferta de carros ou por problemas mecânicos, já que boa parte da frota é sucateada, diz Diego. De acordo com ele, as linhas que deixam os passageiros mais tempo nos pontos, por essas duas razões, são: Troncal 8 (Rodoviária-Cosme Velho), 366 (Campo Grande-Tiradentes), 600 (Saens Peña-Taquara) e 322 (Candelária-Ribeira).
O Rio Ônibus informou que disponibiliza todos os dados de operação para a prefeitura e compartilha também com a população por meio do aplicativo Vá de Ônibus. Lembra ainda que as informações “são utilizadas gratuitamente por aplicativos de geolocalização, como o Moovit e as plataformas do Google”.
Para ter acesso à localização dos veículos, Diego e Rafael a aplicativos como o “Lá vem o ônibus”, que têm essas informações.
Extra – RJ