Natal: assalto em ônibus cresce 16,8%

Os assaltos em ônibus cresceram em Natal e Região Metropolitana no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesed) registrou  125 roubos na capital até o dia 31 de março, contra 107 no mesmo período do ano passado – um aumento de 16,8%. Em relação à Região Metropolitana de Natal, foram 154 ocorrências nos primeiros meses de 2018, 10,8% a mais do que em 2017, que teve 139.

A média de assaltos na região metropolitana é de quase dois por dia (1,7 assaltos), enquanto em 2017 foi de 1,5 por dia. No entanto, o número é refutado pelo Sindicato dos Trabalhadores e Transportadores Rodoviários (Sintro/RN). De acordo com o vice-presidente da entidade, José Calistrato, motorista de ônibus há 15 anos, muitos assaltos não são registrados. “Muitos motoristas recebem a orientação de retornar para a garagem e não realizar o boletim de ocorrência. São números insuficientes que não respaldam a violência atual”, afirmou o sindicalista.
O Sintro/RN não registra números próprios, mas afirma que realiza um mapeamento “informal”, com base nos relatos dos motoristas e cobradores. De acordo com o vice-presidente, a maioria dos funcionários sofreu assalto alguma vez no exercício da profissão. “Eu mesmo sofri assaltos duas vezes como motorista”, disse. “É raro encontrar algum que nunca tenha sofrido”, relatou.
Durante a entrevista, ocorrida na sede do Sintro, uma mulher idosa procurou José Calistrato para pedir auxílio em relação à renovação do período médico do filho, internado com depressão em Anápolis, no estado de Goiás. Ele havia sido assaltado nove vezes em cinco anos, trabalhando como cobrador e, depois da última vez, não conseguiu retomar à rotina. “Ele não conseguia trabalhar e começou a ter depressão. Atentou contra a vida duas vezes. Agora, está internado para se recuperar”, contou a mãe, sem querer se identificar.
Segundo relatou, o último assalto aconteceu quando o filho estava voltando para a garagem, no fim do expediente. “Três homens de moto pararam na frente do ônibus e apontaram armas. Fizeram muito terror contra ele e o motorista. Ele disse para mim que parecia ‘coisa de filme’”, disse a mulher.
O mesmo clima de terror foi relatado pelo motorista e por cerca de 40 passageiros de um ônibus da empresa Conceição que faz a linha 59, assaltado na manhã da quarta-feira (18), no bairro do Guarapes. Três homens armados, um deles com revólver e outros dois com facas, pediram parada poucos minutos depois do terminal, subiram no veículo e realizaram o ‘arrastão’. “Eles gritavam ‘a gente está para matar ou morrer’ enquanto pegavam nossas coisas”, declarou o motorista.
Na tentativa de diminuir os assaltos, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos (Seturn) pretende zerar o dinheiro em espécie que circula nos ônibus. No entanto, a medida é vista como ‘impossível’ pelo Sintro por duas razões: falta de informação sobre cartão eletrônico e perfil dos assaltantes. “As pessoas mais pobres acabam utilizando o dinheiro, ou pessoas que vem do interior e não sabem do cartão. A gente também percebe que a maioria dos assaltantes não pretende levar muito dinheiro. Às vezes, levam R$ 200, R$ 300, e estão satisfeitos com isso”, avaliou José Calistrato.
Nos primeiros meses deste ano, a Sesed não realizou nenhuma operação voltada para o combate a assaltos a ônibus. As rondas habituais da Polícia Militar, feitas em toda a cidade, são vistas como insuficientes pelo Sintro. “Falta uma operação contínua para o combate aos assaltantes”, acrescentou o vice-presidente. “E maior investigação por parte da Polícia Civil. O que a gente sente é que há muita impunidade”.
A reportagem tentou entrar em contato com a Delegacia Especializada em Furtos e Roubos (Defur) para questionar número de investigações concluídas em relação a assaltos a ônibus, mas não conseguiu. A Seturn também foi procurada, mas o sindicato informou que não divulga dados sobre assaltos e furtos porque “sente que piora a situação e diminui o número de passageiros”.
Assaltos a ônibus

Primeiro trimestre 2017-2018
Natal
2017: 107
2018: 125
Variação: 16,8%
Região Metropolitana
2017: 139
2018: 154
Variação: 10,8%
Tribuna do Norte

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