Transporte urbano perde R$ 1 bi com alta do diesel

As empresas de ônibus, responsáveis por 86,3% do deslocamento da população nas cidades brasileiras, afirmam ter registrado este ano, de janeiro a maio, prejuízo de R$ 1 bilhão devido ao aumento médio de 11% no preço do óleo diesel nos cinco primeiros meses do ano.

A Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), que representa o setor, decidiu pedir ajuda ao governo federal para conter as perdas.
“Alguma variação de preço o setor até pode absorver, mas o problema é a dosagem desses reajustes. Se continuar assim, não sei se teremos fluxo de caixa para manter a regularidade do atendimento à população”, disse o presidente executivo da NTU, Otávio Cunha.
A entidade informou que já solicitou audiência com o secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk, para tratar do assunto. Cunha ressalta que a gravidade da situação tem levado as empresas a buscarem reajustes emergenciais dos preços das passagens.
“Apesar das tarifas serem de competência dos municípios, o preço do combustível passa pelo governo federal. A política de reajuste da Petrobras veio de decisão do governo, e o Ministério da Fazenda tem implicação direta nisso”, disse o presidente da NTU.
Cunha lembrou que o reajuste anual das passagens já ocorreu em praticamente todas as capitais entre dezembro de 2017 e maio deste ano. Ele alega que não é possível transferir as variações frequentes do preço do combustível para o valor das passagens de ônibus.
Ao Ministério da Fazenda, a NTU pretende propor uma “medida compensatória” frente à política de preços do diesel. O setor usa dados da própria Petrobras para mostrar que, nos últimos 45 dias, de 4 de abril a 18 de maio, houve um aumento de 25,42% nas refinarias, o que não chegou na totalidade às bombas de combustível.
A associação pretende retomar a discussão sobre algumas soluções indicadas pela equipe econômica do governo no auge das manifestações de 2013 contra o aumento das passagens. Cunha disse que, na época, foi avaliada a proposta de transformar o impacto de aumentos no preço do combustível, comprovado com notas fiscais, em descontos a serem concedidos no pagamento de tributos federais pelas empresas de ônibus.
“Prestamos um serviço de caráter essencial, tão importante como a saúde e a educação. É preciso que isso seja considerado. Se vier a compensação, vamos assumir o compromisso de não repassar o valor integral dos reajustes para a passagem”, afirmou Cunha.
A associação destaca ainda que a alta acumulada do diesel este ano está dez vezes acima da inflação do período. O combustível representa a segunda maior parcela de custo (23%) das companhias de ônibus, perdendo apenas para a folha de pagamento de pessoal. O setor avalia que o aumento do diesel já levou 33% das 1,8 mil empresas ao endividamento.
FONTE: NTU

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