Foto: Arquivo CNT |
As condições da sinalização têm peso significativo na ocorrência de mortes e acidentes nas rodovias federais. A análise consta do estudo “Acidentes Rodoviários e a Infraestrutura”, divulgado na segunda-feira (4) pela CNT (Confederação Nacional do Transporte). O trabalho relaciona as características da infraestrutura viária apresentadas na Pesquisa CNT de Rodovias 2017 (estado geral, sinalização, pavimento e geometria da via) com a base de dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal), considerando todos os acidentes com vítima registrados em rodovias federais no ano passado.
Segundo o levantamento, os maiores índices de óbitos nas BRs em 2017 ocorreram em trechos com problemas na sinalização (que receberam classificação regular, ruim e péssimo). Foram 11,4 mortes a cada 100 acidentes. O número chega a ser 9,6% maior do que nos trechos com avaliação positiva (ótimo ou bom), que tiveram 10,4 mortes por 100 acidentes.
Em relação à ocorrência de acidentes, os trechos rodoviários com sinalização ruim ou péssima também lideraram as estatísticas: o índice chega a 13 mortes a cada 100 acidentes em cada uma das situações. O menor registro ocorre em trechos com sinalização ótima, sendo 8,5 mortes por 100 acidentes, 34,6% menor do que em trechos considerados ruins ou péssimos.
Alguns aspectos podem ser determinantes para as mortes e os acidentes. O estudo mostra que, considerando apenas os locais onde ocorreram colisões frontais, 53,9% dos acidentes com vítimas e 47,7% das mortes foram em segmentos onde a pintura da faixa central se encontrava desgastada ou inexistente.
Outro fator que potencializa o risco de acidentes é a ausência de placas de limite de velocidade. Em trechos onde não há esse dispositivo, foram contabilizadas 19,9 mortes para cada 100 acidentes. Dessa forma, nesses pontos, o risco de uma pessoa morrer é quase duas vezes maior quando comparado a trechos com presença de placas, onde o índice de mortes/100 acidentes é de 10,2.
“A falta de sinalização indicativa da velocidade potencializa o número de mortes por acidente. O condutor, uma vez desinformado, não consegue, por si só, avaliar o risco que corre ao percorrer o trecho acima do limite, até então desconhecido. Por isso, a chance de ele se envolver em um acidente é grande”, explica o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista.
A visibilidade ruim das placas é outro fator que aumenta a gravidade dos acidentes em rodovias federais. Os maiores índices de mortes estão localizados em trechos que possuem mato cobrindo parcial ou totalmente a visibilidade das placas com, respectivamente, 19,8 e 16,3 óbitos a cada 100 acidentes. De acordo com o estudo, esses problemas elevam o índice em 60,8%, uma vez que, quando há visibilidade total das placas, são contabilizados 11,4 mortos por 100 acidentes.
Evie Gonçalves
Agência CNT de Notícias