Artigo – Punição para quem queima ônibus

A certeza da impunidade é um dos mais graves dos problemas do Brasil. Com ela, muitos outros problemas nos cobram um preço alto demais a ser pago.
A impunidade nos destrói silenciosamente. Abala nossas estruturas morais e coloca em xeque nossos valores éticos. Torna-nos impotentes diante do que se faz em nome da certeza de alguns que se julgam imunes à responsabilidade pelo que praticam.

Há algum tempo, ônibus vêm sendo queimados em praça pública e seus responsáveis permanecem impunes. Assistimos a esse espetáculo lamentável como se ainda vivêssemos na Idade Média onde era costuma se queimar aqueles que desafiavam a lei e a ordem.
Diferente deles, vivendo os tempos atuais, o transporte coletivo de passageiros por ônibus é a grande vítima em tudo isso. Ao se destruir, pela força do fogo, um patrimônio que está sempre a serviço da população que mais precisa, penaliza-se duplamente o transporte e a própria sociedade.
Queimado, um ônibus não pode simplesmente ser recolhido, consertado e devolvido às ruas em questão de horas como muitos pensam. Destruído, um ônibus deixa de servir a milhares de pessoas que são por ele transportadas diariamente.
Os números de ônibus incendiados no Brasil são alarmantes. De 2004 até 6 de junho de 2018, 2.286 ônibus foram retirados de circulação por causa de incêndios criminosos. Só nesse ano já se foram mais de 150 veículos.
As seguradoras, talvez poucos saibam, não fazem apólices para ônibus. E o prejuízo com a destruição desses veículos e sua reposição, ultrapassa R$ 1 bilhão.
Prejuízo semelhante foi a privação do transporte a milhares de trabalhadores que tiveram seu direito de ir e vir desrespeitado por quem não merece o menor respeito.
É urgente enfrentar e resolver esse problema. A Câmara dos Deputados já se movimenta para fazer sua parte, aprovando em caráter de urgência, uma lei que aumente as penas para crimes de incêndio em ônibus, trens e metrôs.
Para que a punição exemplar dos que praticam esse tipo de crime contra a sociedade seja mais forte que a certeza da impunidade que os protege e nos faz tanto mal.
Eudo Laranjeiras, presidente da Fetronor

FETRONOR

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