Produzido pela Companhia Americana Industrial de Ônibus (CAIO), entre os anos de 1995 e 1999, o Alpha esteve presente na frota das empresas da grande Natal. O modelo fez parte da última linha de produção completa da empresa, antes de ela entrar em concordata e ser arrendada em 1999.
De acordo com publicações de pesquisadores sobre o tema transporte, o sucesso do modelo conseguiu dar uma sobrevida à CAIO e contribuiu para torná-la interessante para novos investidores naquele momento de crise.
O modelo foi lançado pela Caio em 1995 com um objetivo nada fácil. Suceder um dos modelos urbanos mais vendidos da encarroçadora, o Vitória, que teve mais de 28 mil unidades produzidas de 1988 a 1996.
É fato que o Alpha não teve o mesmo sucesso do Vitória e nem de longe do Gabriela (I e II), um dos ícones da fábrica. Mas o modelo liderou o mercado em várias cidades. Fonte: https://diariodotransporte.com.br/2016/10/30/historia-alpha-o-inicio-do-fim-e-do-recomeco/
Em Natal, o Alpha esteve presente nas empresas Guanabara, Cidade do Sol, Conceição, Pirangy e Cidade das Dunas. Também houve repasse deles para a Santa Maria, Reunidas, Via Sul e Oceano.
A empresa que mais teve o Alpha na frota foi a Guanabara. Ela comprou unidades do modelo nos anos de 1996, 1997 e 1998, em três versões de chassis: os de 1996 foram fabricados com chassi Mercedes-Benz OF-1620, os de 1997, eram encarroçados em chassi Scania F-113, e os de 1998 tinham o modelo Mercedes-Benz OF-1721.
Em 1996, ano em que chegaram os primeiros modelos na Guanabara, foram adquiridos dezenas de Alphas. A compra foi responsável por uma imensa renovação da empresa.
Nesta renovação com os Alphas, houve compra de veículos até mesmo para a Guanabara intermunicipal, responsável pelas operações de linhas da grande Natal. A principal linha da operação semi-urbana da Guanabara que recebeu o modelo foi Extremoz/Natal.
Mais tarde, em meados de 1999, a Guanabara intermunicipal se tornou Oceano, tendo toda a frota reformada com uma nova identidade visual. Os Alphas que já faziam parte da frota intermunicipal, ou que foram repassados ainda no primeiro instante da Oceano, receberam a lendária pintura amarela, que marcou a empresa e esteve presente na frota até meados de 2007, quando uma nova pintura, com predominância das cores branco e azul, entrou em vigor para toda a frota.
Já com a pintura azul e branca – última marca utilizada pela Oceano até ela ser vendida juntamente a sua proprietária, Guanabara, para um grupo empresarial de Pernambuco e receberem o mesmo padrão de pinturas que é utilizado ainda hoje – foi utilizada nos Alphas que eram repassados da Guanabara para a Oceano.
Curiosamente, foi com os Alphas que ocorreu uma transferência da Guanabara intermunicipal – ou Oceano – para a Guanabara municipal – comumente, as transferências de veículos eram da Guanabara municipal, para a intermunicipal. Trata-se dos Alphas encarroçados em chassis Scania. A operação inicial deles era nas linhas intermunicipais, e os veículos chegaram a Natal até mesmo com o embarque na porta traseira – fluxo que vigorava na linhas da empresa, já que a mudança para o embarque pela porta dianteira ocorreu nas linhas municipais.
Em meados de 2007, uma unidade de um Alpha encarroçado em chassi Scania, ainda foi repassado da Guanabara de volta para a Oceano, fazendo a operação para qual era destinado originalmente.
Os Alphas permaneceram na frota tanto da Guanabara quanto da Oceano até meados de 2012, ocasião da venda da empresa.
Já os da empresa Nossa Senhora da Conceição, que também chegaram a Natal em 1996, inauguravam um novo padrão de pintura, que serviu de base para a marca da empresa pelos anos seguintes: o azul agorava estava presente apenas nas laterais, com a frente e traseira tendo a predominância da cor branca. Na Conceição, todos os modelos tiveram o chassi Mercedes-Benz OF 1620.
Semelhante à Guanabara, os veículos também permaneceram na Conceição até meados de 2012, quando a empresa também foi vendida para um grupo empresarial de Pernambuco, e tiveram parte da frota renovada.
Das empresas potiguares que tiveram o Alpha em sua frota, os da Conceição foram os únicos que nem foram frutos de repasse, nem repassados a qualquer outra empresa do sistema. Diferente dos demais Alphas das demais empresas.
Foi o caso da Cidade do Sol, que comprou duas unidades do modelo, encarroçados em chassis Mercedes-Benz OF 1620. A compra foi uma das últimas realizadas pela empresa, que, naquele mesmo ano, foi vendida, tendo se desmembrado em Santa Maria e Cidade das Dunas.
Tanto a Guanabara, quanto a Conceição e a Cidade do Sol eram compradoras assíduas da marca Caio, tendo optado pelo modelo para diversas renovações de frota nos anos anteriores ao modelo Alpha, especialmente seu antecessor, o Vitória. Seria natural a compra do novo modelo lançado pela marca.
Os Alphas da Cidade do Sol foram repassados para a Santa Maria, que ficou com a maior parte de sua frota e de suas linhas. Lá, se tornaram os veículos 02021 e 02022, encerrando as operações ainda no início dos anos 2000, acompanhando a rápida renovação de frota da empresa. Em geral, os veículos operavam linhas do conjunto Cidade Satélite, uma das principais áreas de atuação da Santa Maria até hoje.
Mas mesmo assim, a Cidade das Dunas não ficou sem o Alpha na sua frota. Ela adquiriu os modelos entre os anos de 1996 e 1998, montados em chassis Mercedes-Benz, com modelos OF 1620 e OF 1721. Eles foram destinados as operações urbanas da Dunas, e estiveram presentes principalmente na frota da linha 40, que naquela época, faziam o trajeto Cidade Nova/Mãe Luíza.
Ao deixarem a frota, eles foram repassados para a Via Sul. Lá, operaram linhas metropolitanas, da região de Cidade Verde. Quatro ônibus do modelo deixaram a frota da Dunas para serem da Via Sul, onde se tornaram os veículos 05084, 05085, 05086 e 05088. Deles, apenas o 05084 era do modelo OF-1620, enquanto os demais eram OF-1721. Eles permaneceram na frota até 2011, aproximadamente.
Quem também teve o Alpha da frota foi a empresa Pirangy. Com unidades do modelo compradas nos anos de 1996 e 1997, eles tinham chassi Mercedes-Benz OF 1620, e chegaram na empresa ainda com a primeira pintura utilizada pela marca, com predominância da cor berge, e listas azuis por toda a carroceria.
Mais tarde, em meados de 1999, ganharam a nova pintura da empresa, na cor amarela, com o marcante desenhos de águas do mar. Na Pirangy, operaram as principais linhas da empresa, que, a partir de 1999, também se tornou responsável pela ligação das linhas de Ponta Negra ao centro de Natal – até então, essa operação é de responsabilidade da empresa TransFlor.
Os Alphas da Pirangy foram, inclusive, repassados para a empresa Reunidas, que a comprou, em 2001, mudando sua marca aqui em Natal. Poucos modelos da Pirangy foram aproveitados pela Reunidas, basicamente, os Alphas, e outros modelos, mais novos e de melhor conservação. Na Reunidas, os Alphas permaneceram em operação até meados de 2005, operando linhas que ligavam a zona norte até a zona sul de Natal.
A presença do Alpha nas empresas potiguares é marcante até hoje no transporte de Natal, e os veículos são ainda hoje comumente vistos em interiores, relembrando sua atuação na capital potiguar. Além disso, a presença deles no acervo do transporte, nos faz lembrar do passado recente do segmento de transportes local.
Fotos: Acervo UNIBUS RN / Busão de Natal / NatalBuss