Com os 48 ataques – 38 exitosos e 10 frustrados – já confirmados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) até a noite de ontem, o Ceará já vive a segunda maior onda de atentados de facções criminosas de sua história. O atual ciclo, iniciado na última sexta-feira, 22, está atrás apenas do que paralisou o Estado no começo deste ano, quando mais de 230 ações foram registradas.
Foto: Germana Pinheiro/O POVO CBN |
Esta série é a 16ª onda de ataques de grupos criminosos pela qual passa o Estado desde fevereiro de 2014, conforme levantamento de O POVO. Isso significa uma média de mais de duas ondas de ataques orquestradas por facções por ano. Nesse período, foram, pelo menos, 440 ações. O levantamento leva em conta como ciclo somente quando houve três ou mais atos comprovadamente com alguma relação entre si.
Os atentados acompanham a expansão das facções criminosas no Ceará, ocorrido durante 2015. Foi no fi m daquele ano, por exemplo, que a cearense Guardiões do Estado (GDE) foi criada, dentro do sistema penitenciário estadual.
Em abril de 2015, o Relatório de Inteligência nº 016/2015, da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da SSPDS, apontava que as lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam ampliando o número de “batismos”, com o objetivo de “consolidar o comando em todas as unidades prisionais da Região Metropolitana”. Ainda que, externamente, o posicionamento oficial da SSPDS fosse não reconhecer a atuação das facções.
As motivações dos ataques nesses cinco anos são das mais variadas. Mas reivindicações de presos – tal como na atual onda de atentados – aparecem em papel de destaque. As ações do começo do ano tinham como alvo o secretário Mauro Albuquerque, recém-anunciado como titular da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). O objetivo dos criminosos era fazer o governador Camilo Santana (PT) recuar da nomeação.
Em maio de 2018, ataques foram ordenados em Juazeiro do Norte, em retaliação à proibição de pernoite no Dia das Mães. Já em abril de 2016, na mais impactante das ações, um carro com explosivos foi deixado ao lado da Assembleia Legislativa do Estado. Aquela onda visava protestar contra a instalação de bloqueadores de celular nos presídios. Os períodos criminosos ao longo do tempo tiveram como alvo, sobretudo, o transporte coletivo. Desde 2014, Fortaleza já registrou 78 ônibus com perda total em incêndios criminosos, conforme levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Nesse tempo, a Capital somente não registrou mais atentados a ônibus que Belo Horizonte (96), Rio de Janeiro (147) e São Paulo (270).
Somente neste ano, 23 coletivos foram totalmente incendiados em Fortaleza. Vinte apenas em janeiro. Com isso, a Capital responde por quase um terço (32,9%) dos 70 coletivos queimados em 2019. As cidades que aparecem na segunda posição desse ranking, Niterói (RJ) e Manaus (AM), registraram apenas cinco ônibus queimados.
O POVO – CE