Aplicativos de viagem compartilhada afetam transporte coletivo, dizem empresas

As empresas de transporte urbano manifestaram aos deputados da Comissão de Viação e Transportes sua preocupação com o serviço de viagens compartilhadas operadas por aplicativos. De acordo com estudo feito pelo Gaesi, um grupo de pesquisas da Universidade de São Paulo, 49% das viagens feitas pelo serviço Uber Juntos custam o mesmo ou até menos que duas tarifas de ônibus. Cada viagem pode levar quatro pessoas.
Foto: Ilustração/UNIBUS RN
A mesma pesquisa mostra que 62% dos usuários do aplicativo usavam transporte público. Os pesquisadores acreditam que a tendência é de crescimento do serviço porque há uma baixa taxa de reclamações, a média de ocupação é menor que duas pessoas e o motivo principal da preferência pelo transporte é o conforto.
O assunto foi debatido em audiência pública nesta quinta-feira (3).
O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Otávio da Cunha Filho, disse não ser contrário ao transporte oferecido pelos aplicativos, mas questionou a modalidade de viagem compartilhada.
“Não é uma questão de se colocar contra um serviço individual, de utilidade pública, que pode ser ofertado à sociedade, obedece às regras de mercado, de livre oferta, de livre iniciativa. Agora o compartilhado, efetivamente, é predatório com relação ao serviço público de transporte e precisa ser reavaliado”, disse.
Gratuidade
Otávio da Cunha Filho apontou que as empresas de transporte público têm que obedecer a uma série de regulações e ainda têm que lidar com a questão da gratuidade de alguns grupos de passageiros que têm um impacto de 17% no custo total. O deputado Mauro Lopes (MDB-MG) disse que é preciso criar um fundo para manter as gratuidades.
O presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Públicos em Mobilidade Urbana, Rodrigo Tortoriello, lembrou que boa parte dos pagantes da tarifa integral são pessoas do mercado informal e até desempregados.
Ele defendeu que as empresas de aplicativos contribuam pelo menos para manter a infraestrutura urbana que utilizam.
“Se cada corrida de aplicativo em Porto Alegre contribuísse com R$ 1 para custear o transporte público, e isso entrasse como uma receita acessória, a nossa tarifa cairia de R$ 4,70 para R$ 4,30. “
O prefeito de São José dos Campos (SP), Felício Ramuth, disse que os aplicativos de transporte têm dois anos e meio de regulamentação no município e chegaram a um faturamento mensal de R$ 14 milhões. O total, segundo ele, é apenas um milhão menor que o arrecadado pelas 13 empresas de transporte da cidade.
Agência Câmara

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