As rodovias brasileiras sofrem o estigma de serem precárias. Basta caminhar um pouco em alguma estrada para sentir o impacto da falta de estrutura, pavimentação adequada e muitas vezes a ausência de sinalização. Um exemplo próximo é na BR 226, altura do bairro de Bom Pastor, em Natal. A rodovia que fez parte do pacote de obras de preparação para a Copa do Mundo está hoje deteriorada e necessita de recuperação imediata.
Apesar da melhora, ainda é comum se ver rodovias federais com falta de manutenção asfáltica, como na BR-226, nas proximidades do bairro Bom Pastor. Foto: Adriano Abreu/Tribuna do Norte |
Não só ela, mas uma extensão importante também necessita. Prova disso são os dados revelados pela Confederação Nacional de Transporte, através do anuário 2019 mostrando a classificação do estado geral das rodovias, classificação da pavimentação, sinalização, geometria, entre outros pontos fundamentais para registrar o raio-x sobre as condições das rodovias brasileiras.
No Rio Grande do Norte, avaliação sobre a pavimentação das rodovias, em 1.876 km de extensão total pesquisados de 2010 para 2019 houve uma melhora nas classificações ótima e boa: em 2010, de 1.783 km de rodovia, somente 24 km foram avaliados como ótimo, 432 km bons, 535 km teve avaliação classificada em ruim e 228 como péssimo. Em 2019, os dados não mudam muito. De 1.876 km, 84 são consideradas ótimas, 561 bons, 732 km são classificados regulares, ruins são 224 e 275 são péssimos.
Brasil
Em 2019, 59% das rodovias brasileiras foram avaliadas como regulares, ruins ou péssimas. Em 2018, o percentual foi de 57%. Também está pior a situação do pavimento (52,4% com problema), da sinalização (48,1%) e da geometria da via (76,3%). No ano passado, a avaliação foi 50,9%, 44,7% e 75,7% com problemas respectivamente. A Pesquisa CNT de Rodovias avalia toda a malha pavimentada federal e os principais trechos estaduais.
Na classificação do estado geral das rodovias no Brasil, em 108.863 quilômetros de rodovias em 2019 foram consideradas: 12.951 km estão ótimos, 31.714 km bons, 37.628 km regulares, 19.039 km são ruins 7.531 quilômetros estão em péssimo estado.
Os dados confirmam, por exemplo, um problema antigo do Brasil em relação ao modal rodoviário. A infra-estrutura disponível para caminhões, ônibus e veículos de passeios nas rodovias brasileiras não atende, com qualidade, à crescente demanda. Em dez anos, de 2009 a 2019, a frota de veículos leves e pesados aumentou 74,1%, enquanto a malha disponível cresceu 0,5%. Já a qualidade é deficiente na maior parte das rodovias federais pavimentadas devido, principalmente, à falta de investimento no setor de transporte.
Outro dado importante nesse mapeamento é a geometria da via, onde são avaliados o tipo de rodovia (pista simples ou dupla), a presença de faixa adicional de subida (terceira faixa), de pontes, de viadutos, de curvas perigosas e de acostamento. No Rio Grande do Norte, a avaliação por quilômetros em 2019 foram: 87 km estão ótimos, 283 bons, 481 regulares, 557, ruins e 468 são péssimos num total de 1.876 quilômetros de rodovia.
Entre os motivos que geraram o resultado sobre essa variável, estão a predominância de pista simples de mão dupla, a falta de faixa adicional de subida, e de acostamento e a ausência de dispositivo de proteção contínua em trecho onde ele é necessário.
De acordo com o presidente da CNT, Vander Costa, registrado no anuário, o levantamento dos dados estimulam o desenvolvimento do setor no Brasil. “Ao concentrar todas as estatísticas que envolvem o transporte do Brasil, em um único local, a CNT estimula análises e o desenvolvimento de soluções para os problemas. Os dados são importantes para entendermos melhor o setor e buscar formas de estimular o crescimento, tanto na área de cargas quanto na de passageiros”, afirma.
Acidentes nas rodovias
Em 2018, em todas as rodovias federais no Brasil, foram contabilizados mais de 50 mil acidentes com vítimas, sendo 5 mil mortos. O anuário registrou ainda que os acidentes mais graves cresceram a partir de 2013. Apesar de queda no número de acidentes, verifica-se que sua gravidade aumentou a partir de 2013, de 4,5 mortos por acidente para 7,6 mortos por acidente, o que significa um aumento de 68,7% nas mortes. No Rio Grande do Norte em 2007, foram 140 mortos por acidentes e em 2019 foram 118. O ano com maior morte no Estado foi em 2013, que atingiu o número total de 208 mortos.
De acordo com o Inspetor Roberto Cabral da Polícia Rodoviária Federal, houve redução nos acidentes, principalmente no tocante aos acidentes graves e ao número de mortes. “Por exemplo: se compararmos os dados de 2018 com os de 2019, constatamos uma redução de 9,5% no número de acidentes graves e uma redução de 24,5% no de mortes. O acidente grave é aquele que resulta em feridos graves ou mortes”, explica Cabral.
Quanto à sinalização das rodovias, no Rio Grande do Norte, de um total de 1.876 quilômetros de rodovia, apenas 48 km foram avaliados como ótimos, 652 km bons, 651 km regular, 200 km ruins e 325 km tem péssimas sinalizações.
A boa sinalização é um dos pontos que contribui para a diminuição dos acidentes nas rodovias.
Mortes por ano no RN nas rodovias
2009: 140
2010: 194
2011: 183
2012: 207
2013: 208
2015: 150
2015: 185
2016: 144
2017: 138
2018: 118
Evolução do número total de acidentes de trânsito em rodovias federais – 2009 – 2018
Brasil
2009: 158.647
2010: 83.475
2011: 192.322
2012: 184.556
2013: 186.742
2014: 169.194
2015: 122.155
2016: 96.361
2017: 89.396
2018: 69.206
Rio Grande do Norte:
2009: 3.315
2010: 3.935
2011: 4.083
2012: 3.868
2013: 3.975
2014: 3.675
2015: 2.521
2016: 1.626
2017: 1.452
2018: 1.414
Classificação da Sinalização por Região e Unidade da Federação 2010 – 2019 (em km)
Brasil
ótimo: 18.105
Bom:1 9.928
Regular: 25.408
Ruim: 12.019
Péssimo: 15.485
Total: 90.945
Rio Grande do Norte:
ótimo: 44
Bom: 347
Regular: 586
Ruim: 268
Péssimo: 538
Total: 1.783
Nordeste
ótimo: 3.962
Bom: 4.515
Regular: 7.077
Ruim: 4.063
Péssimo: 6.027
Total: 25.644
Tribuna do Norte